terça-feira

Ciclos de filmes servidos com história e curiosidades

"Jornal de Notícias", de 16 de Novembro de 2008

A formação académica em Belas Artes parece não rimar com a actividade de director comercial que hoje exerce. Por isso o voluntariado é um dos caminhos encontrados por António Proença para alimentar o gosto que sempre teve pelas artes e pelo audiovisual. Colabora com a Biblioteca de Sesimbra "praticamente desde a primeira hora em que foi inaugurada", há três anos.
Fazer a ponte com artistas plásticos e propor exposições à biblioteca é uma das suas missões. Ainda ontem à tarde mais uma das suas propostas viu a luz do dia, com a inauguração de uma mostra da artista Cristina Leiria.
Sem este carácter ocasional, a sua principal colaboração consiste na projecção de filmes que António Proença assegura contarem com um público fiel. "Como costuma dizer-se, não são muitos mas são bons", brinca. Por considerar que "o voluntariado não deve ser feito à toa, mas com enquadramento", apresentou desde início uma espécie de "caderno de encargos" que tem procurado cumprir com rigor. A biblioteca tem um serviço de voluntariado "bem organizado", em áreas que vão da promoção do livro e da leitura à educação para a saúde, e todos os participantes assinam uma proposta que enquadra os direitos e deveres de cada parte. Está igualmente previsto o pagamento de seguro em caso de acidente.
Quinzenalmente, aos sábados são projectados - habitualmente em vídeo - filmes que já estão fora dos circuitos comerciais. Por temas ou por realizadores, António Proença encarrega-se da escolha, mas não só. "Faço uma pequena história do realizador, do filme e actores e de algumas curiosidades a que as pessoas acham graça, como por exemplo episódios ocorridos durante as gravações".
Aos 56 anos, o director comercial tem a juntar ao "currículo" outras actividades voluntárias. Já trabalhou com crianças de rua, mas a mais recente foi uma iniciativa de apoio domiciliário a idosos. Terminou há pouco, "porque o tempo estava mesmo esgotado", com a certeza de ter saído mais rico do que entrou. "Contactei com pessoas com quem aprendi imenso", recorda, dando como exemplo um maestro de "cultura invejável".
Apesar dessa certeza de que o voluntariado beneficia quem dá, António Proença considera não ser correcto que alguém se envolva numa actividade à espera de compensações, nem que sejam emocionais. "Acontece muito as pessoas praticarem acções de voluntariado como terapia e nesse caso há o risco de abandonarem os projectos rapidamente, logo que se sentem equilibradas".

Sem comentários:

Enviar um comentário