quarta-feira

Manuel Adelino Bernardino é o novo Provedor da Santa Casa da Misericórdia

"Jornal de Sesimbra", 12 de Agosto de 2008

A instituição foi a votos no sábado, dia 28, depois dos corpos sociais em exercício terem apresentado a sua demissão, no seguimento de várias controvérsias que em nada dignificaram o nome ou sequer prestigiaram o trabalho da Santa Casa.
A concurso, no último acto eleitoral, apresentaram-se duas listas, uma encabeçada por Júlio Gomes, outra por Manuel Adelino. A um dos actos eleitorais mais concorrido de sempre acorreram 745 irmãos sendo que 406 deram um voto de confiança a Manuel Adelino, e à sua equipa, contra os 339 que se mantiveram ao lado de Júlio Gomes. Este último, um dos elementos dos anteriores corpos sociais da Santa Casa.
Manuel Adelino já esperava que “a votação fosse concorrida dadas todas as incidências, que até o presidente da Assembleia falou, dizendo que vamos ter que fazer algumas alterações, nomeadamente ao compromisso da Misericórdia. Temos de evitar, e não queria usar aqui um adjectivo muito forte como golpadas ou oportunismos, mas qualquer coisa nessa área, para se evitar aquilo que se passou que resultou nesta corrida, fazerem-se irmãos à última hora, pessoas que não têm nada a ver com o espírito da misericórdia, para virem aqui votar numa lista para fazer com que as pessoas se mantivessem cá”, refutou. Naquela que foi a sua primeira declaração, depois de conhecidos os resultados da votação, Manuel Adelino realçou que o sentimento que reconheceu de imediato nem foi de felicidade ou contentamento, foi “o peso da responsabilidade” acrescentando que vai “ atirar-se ao trabalho com muita vontade”. O recém eleito Provedor espera “uma oposição forte, que participe, que dê ideias e que não seja posta de parte como era a prática que até aqui se vinha a constatar”. Manuel Bernardino vai mais longe para afiançar que, com a sua equipa, não haverá falta de transparência. Qualquer documento estará disponível para consulta dos irmãos porque, na sua óptica, “ a Santa Casa é uma instituição naturalmente aberta à comunidade e nós agora vamos administrar a Misericórdia com entusiasmo, vamos dar o nosso melhor”. Apontou ainda Manuel Adelino que não vai “esconder nada de ninguém” pois “não somos proprietários da instituição”. Congratulando-se com a dignidade com que decorreram as eleições o provedor acredita ser possível chamar mais irmãos à Santa Casa para uma participação mais activa já que, nas sua palavras, “os corpos sociais, por si só, não conseguem fazer o que a Misericórdia precisa”, alertou.
Durante todo o acto eleitoral Manuel Adelino Bernardino fez-se acompanhar por outros elementos da sua lista, como Guilherme Rasteiro, enquanto que a lista de Júlio Gomes esteve representada por Carlos Palmela e Florindo Paleotes, entre outros. Por motivos de ordem profissional Júlio Gomes não conheceu “in loco” o resultado da votação, que foi comentado ao Jornal de Sesimbra por Florindo Paleotes que não o encarou como uma derrota, entre outros aspectos, pelo número de irmãos que votaram. Apesar de não terem ganho a possibilidade “de gerir e aplicar o seu projecto” os elementos da lista A “vão continuar atentos”. Florindo Paleotes lembrou que o programa da sua lista “era bastante extenso, tinha bastantes formas de avançar com a Santa Casa para outro estádio de qualidade que se iria reflectir nos serviços a prestar aos utentes e aos trabalhadores”. Pela vontade que tinham em agir em prol do desenvolvimento da instituição, o candidato deu os parabéns aos elementos da lista concorrente mas lá foi afirmando que “vamos estar muito atentos, vamos estar presentes em todas as assembleias e vamos solicitar a todos quantos votaram em nós que façam o mesmo. Não para lutar mas para participar activamente e contribuir com propostas para a melhoria da Santa Casa”.
Naquele que foi o seu penúltimo acto enquanto presidente da Assembleia Geral, Sebastião Patrício foi parco em palavras referindo, ainda assim, que saia do cargo com sentido de dever cumprido. “Da nossa parte estamos satisfeitos e penso que nesta altura, independentemente do resultado ser por uma diferença de sessenta e sete votos, penso que o que é necessário é que a instituição acalme. Que trabalhe e que as pessoas encarem isto como um sinal de que a Misericórdia é importante para os utentes, para a área social e para o concelho. É isso que ressalta da minha intervenção, durante a qual desejei à lista vencedora que trabalhe bem, que retire ilações daquilo que os corpos sociais e a mesa administrativa demissionários passaram ao longo do mandato que não terminaram”. Sebastião Patrício afasta-se, agora, do trabalho na instituição de solidariedade social para dar lugar a Fernando Horácio de Jesus Oliveira que assume a mesa da Assembleia Geral. António Justiniano Chagas Alves que ocupará o cargo de presidente do Conselho Fiscal. E Manuel Adelino Bernardino que volta a assumir a Provedoria da Santa Casa da Misericórdia.
Quanto ao compromisso assumido em campanha, pela lista vencedora, recordamos aspectos fundamentais como: a auditoria financeira; a apresentação de planos de formação profissional; a implementação de um sistema de qualidade e de um programa de inovação de processos; a criação de uma comissão de obras; a preparação de um programa de conservação dos bens imóveis e a preparação de projecto financeiro e de construção de um novo lar para a terceira idade com recurso a fundos estatais.
A Tomada de posse dos novos corpos sociais da Santa Casa decorreu perante a presença do Presidente do Secretariado Regional da União das Misericórdias, da presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra e do Presidente da Junta de Freguesia de Santiago, entre outros. No seu primeiro discurso, Manuel Adelino começou por fazer alusão ao artigo primeiro do Compromisso da Irmandade da Santa Casa, que é uma associação de fiéis, constituída na ordem jurídica canónica (...) para dizer que “quase tudo isto deixámos infelizmente de ser por diversas ocasiões no passado recente. Entre um rol de situações lamentáveis, onde avultou o desrespeito pelos irmãos e pelas decisões das Assembleias Gerais, foi o aproveitar das fragilidades do nosso Compromisso que mais nos chocou”. Continuou o Provedor que considera prioritário “rever esse compromisso com o objectivo de proteger a instituição de todas e quaisquer intenções à margem da ética”. Num plano mais futurista Manuel Adelino não esqueceu de salientar alguns dos pontos do seu programa eleitoral que faz questão de cumprir a curto prazo. É o caso do “reforço dos cabazes alimentares distribuídos com o apoio da Câmara Municipal, a quem vamos solicitar a actualização do respectivo protocolo”. A formação das funcionárias é um item com relevância para os novos corpos sociais tal como a revitalização do voluntariado. Também a garantia da continuidade da valência de ATL foi uma das bandeiras de candidatura de Manuel Adelino que o recém eleito Provedor não vai descurar.
Quanto à auditoria financeira às contas da instituição, o provedor, já em exercício desde dia 1 de Julho, reforça essa intenção acrescentando que vai estender a análise “ao sector administrativo conferindo todos os processos e englobando as decisões de investimento que esqueceram o recurso a subsídios estatais”. Programas esses que a Santa Casa vai tentar candidatar-se para a construção de um novo Lar. Antes dos agradecimentos, Manuel Adelino manifestou também uma palavra de apreço todos os irmãos que depositaram confiança em si, e na sua lista. Dirigindo-se “às pessoas de boa vontade, das quais todo o apoio será bem vindo”, concluiu.


Eloísa Silva

Motoclube de Cezimbra promove 1ª Concentração Motard em Sesimbra

"Jornal de Sesimbra", de 19 de Agosto de 2008

O Motoclube de Cezimbra realizou nos passados dias 30, 31 de Maio e 1 de Junho a 1ª Concentração Motard no concelho de Sesimbra. O evento teve lugar no Parque de Campismo do Forte do Cavalo e serviu para assinalar os nove anos de existência da associação.
Durante três dias os responsáveis proporcionaram aos visitantes muita animação e alegria com concertos, jogos tradicionais e um espectáculo de freestyle, entre outras actividades. Com um programa bastante diversificado houve ainda espaço para a presença das escolas e grupos de samba do concelho, algo que não é habitual acontecer em eventos do género mas que se justificava “pelo facto de Sesimbra ter boas escolas de samba e, talvez, as melhores do país”, explicou ao Jornal de Sesimbra Eurico Rodrigues, vice-presidente do Motoclube de Cezimbra.
O evento contou com alguns apoios, nomeadamente da Câmara Municipal, Junta de Freguesia do Castelo e comércio local que, na perspectiva do responsável foram “bastante importantes. Não conseguimos contactar todos, como é normal, mas cerca de oitenta por cento dos comerciantes abordados deram-nos força e apoiaram-nos a cem por cento. A maioria concordou que um evento deste tipo fazia falta em Sesimbra porque traz muita gente para a vila”. Organizar uma concentração motard “não é fácil e sem apoios ainda é mais complicado. O Motoclube é uma associação sem fins lucrativos, vive das quotas dos sócios e do pequeno bar que existe na sede e que está aberto a qualquer pessoa”. Mesmo com os apoios “foi muito complicado organizar tudo”, lamentou, “não só a nível burocrático como pessoal, é preciso muita gente e contávamos ter mais adesão por parte dos sócios”.
“Fazer algo diferente que nunca foi feito em Sesimbra” foi o principal objectivo do evento que, Eurico Rodrigues espera que tenha servido para “limpar a imagem que as pessoas têm dos motoqueiros”. A 1ª Concentração Motard de Sesimbra contou com a presença de sócios, amigos e familiares do clube, bem como de outros Motoclubes do país. O vice-presidente da associação espera que tenha sido “a primeira de muitas” e explica ao Jornal de Sesimbra como tudo começou.
ENTREVISTA
Jornal de Sesimbra (J.S.): Como é que surgiu a ideia de criarem um Motoclube?

Eurico Rodrigues (E.R.): O Motoclube surgiu há dez anos, durante um jantar. No primeiro ano éramos apenas um grupo de amigos amantes de motas e ainda fizemos algumas festas só como grupo motard. Só depois começámos a pensar a sério na ideia de formarmos um clube.
J.S.: E começou com quantas pessoas?

E.R.: No início eramos à volta de cinco pessoas, mas quando formámos o clube já eramos cerca de 12 elementos.
J.S.: Tiveram a ideia de criar o Motoclube porquê? Pelas motas?

E.R.: Pode-se dizer que sim. Praticamente todos tínhamos mota e, como não existia no concelho uma sede ou um ponto de encontro dos amantes das motas, achávamos que era preciso fazer alguma coisa para mudar isso. Tínhamos previstas algumas actividades e então começámos a juntar alguns amigos numa sede provisória, onde fazíamos as nossas reuniões e organizávamos tudo.
J.S.: Actualmente quantos sócios têm?

E.R.: Somos cerca de 118. Temos alguns sócios fora do concelho mas a maioria é de Sesimbra.
J.S.: Quanto é que custa fazer parte do Motoclube de Cezimbra?

E.R.: Trinta euros por ano com uma jóia de inscrição como qualquer colectividade.
J.S.: Quais são as vantagens de ser sócio?

E.R.: O sócio tem descontos nos passeios e actividades que realizamos, nos jantares e no almoços. Funcionamos como uma associação e há sempre beneficios que o não-sócio não tem.
J.S.: Têm sede própria?

E.R.: Sim, a nossa sede está situada na estrada das Pedreiras.
J.S.: Têm sede própria e funcionam como uma associação. Nesta altura há alguma coisa que vos faça falta?E.R.: Falta os sócios comparecerem mais e ajudarem mais nas actividades. Temos sempre um plano de actividades, que é feito no início de cada ano, onde estão todas as actividades que o Motoclube vai realizar durante o ano. Claro que quando as organizamos contamos com a participação dos sócios e uma grande maioria não aparece e não colabora como devia. Somos realmente poucos elementos a gerir a associação.
J.S.: Também participam em actividades de outros Motoclubes. Há algum tipo de parceria com as outras associações?

E.R.: Temos muitos conhecimentos e amizades com sócios de outros Motoclubes e há concentrações em que participamos todos os anos. Nos últimos dez anos posso salientar uma que vamos todos os anos, cerca de trinta pessoas, que é a concentração de Góis. Também vamos à de Faro e da Vidigueira. De norte a sul do país acontecem cerca de 400 concentrações e temos de escolher as melhores ou as que gostamos mais. O Motoclube de Cezimbra com sede na estrada das Pedreiras foi fundado a 28 de Maio de 1999 e realizou, este ano, a 1ª Concentração Motard no concelho de Sesimbra.

Sofia Mendes

Castelo de Sesimbra recebe terceira edição das Jornadas Medievais

“Jornal de Sesimbra”, de 19 de Agosto de 2008

O Castelo de Sesimbra volta a ser palco, durante os fins-de-semana de Julho, de uma viagem no tempo até à Idade Média, com a realização de mais uma edição das Jornadas Medievais.
A iniciativa, da Junta de Freguesia do Castelo em parceria com a Câmara Municipal de Sesimbra, pretende, segundo Francisco Jesus “aliar o que de melhor existe na freguesia em termos de património, o Castelo de Sesimbra, e a vertente cultural, dando um enfoque especial à música medieval”. Concertos, recriações históricas, animações de rua e exposições fazem parte do cartaz. A Igreja de Nossa Senhora da Consolação do Castelo será o palco das actuações das bandas Axabeba, Mediae Vox e Mediterranea Medieval nos dias 5, 12 e 19 de Julho, a partir das 22 horas. Destaque ainda para a inauguração da exposição permanente na Torre Nova do Castelo.
Para além dos concertos, a terceira edição do evento vai contar com algumas novidades, entre elas uma exposição de instrumentos de música árabe e medieval, patente no Centro de Documentação Rafael Monteiro e que vai estar aberta entre 5 e 19 de Julho. Outra das inovações passa pela “reprodução de um festim medieval, no dia 25, na Torre de Menagem”. O evento vai contar com música e animações de fogo, cenográficas e cénicas, que ficam a cargo dos grupos Bando de Menestréis, AnimaMundi, Bailarinas Zambara ou o Grupo Art’Encena.
As Jornadas deste ano têm ainda o seu ponto alto na inauguração da exposição permanente da Torre Nova, que retrata o quotidiano do Castelo de Sesimbra durante a Idade Média.
Ao contrário das edições anteriores, este ano as entradas vão custar três euros a fim de evitar situações que, no ano passado, chegaram a ser condicionantes para a actuação dos próprios grupos devido ao excesso de público. “É uma forma de organizar melhor os concertos”, salienta o autarca. Os ingressos vão estar à venda em diversos locais do concelho e será, novamente, disponibilizado transporte gratuito em autocarro de Sesimbra para o Castelo para evitar alguns problemas de estacionamento. O orçamento final deste projecto, financiado pela Junta do Castelo e pela Câmara de Sesimbra, é de 14 mil euros, mais 1.500 euros que no ano passado.
As terceiras Jornadas Medievais de Sesimbra começam no dia 5 de Julho e prolongam-se até dia 26 no Castelo de Sesimbra, com um regresso ao passado na música medieval.


Sofia Mendes

terça-feira

Tribunal não rejeita queima de resíduos perigosos na Secil

Jornal “O Setubalense”, de 4 de Agosto de 2008

O Ministério do Ambiente anunciou, no final da passada semana, que o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Almada rejeitou uma providência cautelar apresentada pelas câmaras de Palmela, Sesimbra e Setúbal, destinada a impedir a co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira da Secil.
Em comunicado o ministério do Ambiente anunciou que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada recusou os “pedidos de suspensão de eficácia da licença ambiental, da licença de instalação e da licença de exploração que permitiam queimar lixo perigoso naquela unidade industrial”.
Aquele tribunal considerou ainda improcedentes os pedidos feitos pelas autarquias, que queriam impedir o ministério de atribuir novas licenças à fábrica da Secil e travar a realização de testes e operações de queima na cimenteira.
"Os efeitos suspensivos da providência cautelar já se encontravam anulados por via da Resolução Fundamentada apresentada pela Agência Portuguesa do Ambiente (entidade que emite as licenças) em 14 de Fevereiro de 2008", pode ler-se naquele mesmo comunicado.
O advogado Castanheira Barros, que representa as três autarquias, disse não ter tido ainda conhecimento da decisão e que, "se assim é, essa decisão é completamente inesperada"
Recorde-se que em Janeiro deste ano, o Supremo Tribunal Administrativo (STA) já tinha dado "luz verde" à queima de resíduos industriais perigosos no Outão, em resposta à Secil e ao Ministério do Ambiente que recorreram da decisão do Tribunal Administrativo do Sul que confirmou a sentença do Tribunal Administrativo de Almada no sentido de suspender a co-incineração no Outão. Em Novembro do ano passado, o STA também autorizou a co-incineração em Souselas, Coimbra, contrariando duas decisões de instâncias inferiores.

Nudistas querem mais praias no Algarve

Jornal “Expresso”, de 3 de Agosto de 2008

Querem andar como vieram ao Mundo, mas por enquanto os naturistas têm apenas duas praias oficiais na região algarvia. Em breve, poderão ser cinco.
As praias de João Arens, em Portimão, Meia-Praia (parcial), em Lagos e Praia das Furnas, em Vila do Bispo, podem vir a tornar-se, muito em breve, praias autorizadas para a prática do nudismo, juntando-se assim à Praia do Barril e à Praia das Adegas.
O Clube Naturista do Algarve (CNA) requereu, na semana passada, autorizações junto dos respectivos municípios, e embora não haja ainda resposta oficial, ao que tudo indica as respostas deverão ser positivas, afiança ao Expresso Álvaro Campos, presidente do Clube Naturista do Algarve. "Há receptividade e de facto não se percebe como é que um país como Portugal não tem investido quase nada nesta área quando há milhares de pessoas de classe média-alta na Europa, em zonas naturistas", diz.
"Há, de facto, um nicho de mercado interessante", afirma António Pina, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA). "Não podemos ter virtudes públicas, e vícios privados, isso é típico das hipocrisias", critica Pina, que adiciona questões estratégicas de mercado que o fazem pender a favor do sim. "Estima-se que haja cerca de 400 mil naturistas na Europa, e por isso se as autarquias nos pedirem um parecer nós diremos que sim, desde que sejam praias oficializadas", refere.
Por estas razões, a RTA poderá vir em breve a editar um Guia de Praias Naturistas, de 28 páginas, intitulado "Algarve ao Sol", com informação sobre as praias naturistas, oficiais e não-oficiais, e adicionar um link para o site do CNA na página da RTA (ver link no fim do texto) propostas a discutir proximamente no órgão executivo da Região de Turismo, e António Pina não descarta a hipótese de divulgação além-fronteiras, através da Associação de Turismo do Algarve, mais virada para a promoção externa.
Mas o tabú dos banhistas pelados tem demorado bastante a ser vencido. No Algarve, existem apenas duas praias onde o naturismo é oficialmente permitido, apesar de várias onde ele é tolerado. É o caso da Praia João Arens (Portimão), Ancão (Vila Real de Santo António), Fuzeta (Olhão), Trafal (Loulé), Praia Grande (Silves), Meia-Praia, Pinheiros e Canavial (Lagos), Cabanas Velhas, Furnas e Zavial (Vila do Bispo) e a Praia da Bordeira, em Aljezur.
Em Portugal existem cinco praias oficiais: uma na costa alentejana, em Porto Covo, uma em Almada e outra em Sesimbra, a Praia do Meco e ainda duas no Algarve, a Praia das Adegas, em Odeceixe (concelho de Aljezur) e a Praia do Barril (Ilha de Tavira) numa extensão de 750 metros, isto para além de dois parques naturistas, um em Oliveira do Hospital, outro em Santiago do Cacém e um outro parcial, na Quinta dos Carriços, em Vila do Bispo, no Algarve.
Três quilómetros para ir ao WC
Apesar de permitido naturismo, ainda há um longo caminho a percorrer, sobretudo para aqueles que o querem fazer na Praia do Barril e são assolados pela necessidade urgente de ir ao WC.
É que a área onde é permitido tirar a roupa na totalidade dista cerca de 1,5 kms do apoio de praia mais próximo. "Temos de vestir a roupa e ir a pé pelo areal. Normalmente até nem nos importaríamos de o fazer, que os naturistas gostam de andar, mas agora no Verão, com o calor torna-se muito complicado", critica Álvaro Campos. "Nós achamos bem que os outros tenham parques de estacionamento, apoios de praia e tudo isso, o que nós não aceitamos é ser tratados como portugueses de segunda", acrescenta.
Seguramente pela falta de apoios, numa recente recolha de lixo na Ilha do Barril aquilo que os naturistas mais encontraram foi... papel higiénico.
Apesar de tudo, Álvaro reconhece que as coisas estão a melhorar e desde há 5 anos para cá, altura em que foi criado o Clube Naturista do Algarve, se alguma coisa mudou foram as mentalidades: "Já não se nota os mirones, por exemplo, pessoas a quererem tirar fotografias ou filmar, isso acontece ainda mais para o Norte como a Praia do Meco", reconhece, admitindo que hoje em dias as praias naturistas no Algarve mais parecem praias "têxteis", vocabulário com que os naturistas habitualmente caracterizam os outros, aqueles que vestem fatos de banho, caso de António Pina: "Não é uma tentação para mim, mas respeito", diz, com um sorriso, o presidente da Região de Turismo do Algarve.

quinta-feira

Chama-me Fado (Sesimbra)

Jornal "Público", de 30 de Julho de 2008

Falar de Fado através da dança. Este é o desafio a que a Companhia de Dança Contemporânea de Sintra se propôs responder. Quatro bailarinas e cinco músicos dão vida a uma interpretação do Fado, não só enquanto música, mas enquanto sentimento, forma de estar e viver. Dia 9 de Agosto, no Cine-Teatro Municipal João Mota, em Sesimbra.

terça-feira

Sesimbra: Vitória de Obama vai provocar viragem política - Mário Soares

Revista “Visão”, de 26 de Julho de 2008

Mário Soares defendeu na sexta-feira, em Sesimbra, que a vitória do candidato democrata, Barak Obama, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, pode representar uma viragem nas políticas neoliberais que têm sido seguidas nos países ocidentais nos últimos anos.
"O que se passou ontem (quinta-feira) em Berlim é uma coisa fabulosa. Cerca de 200 mil pessoas foram ouvir um candidato à presidência dos Estados Unidos porque sentem que é ali que está a esperança", disse o antigo Presidente da República.
Para Mário Soares a vitória de Barak Obama também é fundamental para a União Europeia, que, na opinião do antigo dirigente socialista, tem vindo a privilegiar as questões económicas em detrimento de um projecto político.
"Sou a favor de um projecto político europeu, não de um projecto económico", disse Soares, muito crítico em relação a alguns líderes europeus, como Gordon Brown (Inglaterra), Silvio Berlusconi (Itália), mas também de Nicolas Sarkozy (França), que acusou de não terem projecto político.
Mário Soares falava a cerca de 200 pessoas no Clube de Sesimbra durante o debate sobre "A Importância da Política", promovido pelo Observa -- um grupo de cidadãos sesimbrenses de diversas áreas políticas.
Numa abordagem directa ao tema proposto para o debate, em também participaram o renovador comunista Carlos Brito e o deputado do Bloco de Esquerda Fernando Rosas, Soares disse que "a política é da maior importância desde que tenhamos convicções".
"Não podemos é pensar que a política serve para ganhar a vida, fazer negócio ou lobby", acrescentou.
Para Fernando Rosas, deputado do Bloco de Esquerda eleito por Setúbal, a política está na ordem do dia em toda a Europa, onde ocorre "um ataque civilizacionalmente regressivo" aos direitos adquiridos pelos trabalhadores.
"A desregulamentação do trabalho, as privatizações da água, da energia", bem como o "agravamento drástico das desigualdades entre países e dentro de cada país", foram algumas das críticas de Fernando Rosas ao neoliberalismo dos países ocidentais nos últimos anos.
O renovador comunista Carlos Brito preferiu fazer uma outra abordagem do tema proposto para o debate, optando por enunciar algumas das razões que têm contribuído para um "afastamento cada vez maior dos portugueses da actividade política".
A inflexão para políticas de direita, que não correspondem aos anseios da população, as falsas promessas dos políticos e o funcionamento dos partidos, que considerou excessivamente condicionado pelos aparelhos partidários, foram algumas das justificações apresentadas pelo renovador comunista.
Carlos Brito acabou também por surpreender ao afirmar que defendeu o apoio do PCP à continuidade do então primeiro-ministro António Guterres, quando este pediu a demissão depois da derrota nas eleições autárquicas de 2001, em que o PS perdeu as principais câmaras municipais, incluindo Lisboa e Porto.
"Defendi que o nosso secretário-geral, Carlos Carvalhas, quando foi chamado a Belém pelo Presidente da República, deveria ter dito perante as câmaras de televisão que o PCP estava disponível para viabilizar um novo governo do PS", disse Carlos Brito, adiantando que este facto terá sido a gota de água que o levou a afastar-se do Partido Comunista.

Quinzena do peixe-espada preto em Sesimbra

Jornal “Margem Sul”, de 8 de Julho de 2008

O lançamento do livro “Peixe-espada de Sesimbra – A Preto e Branco”, da autoria de António Reis Marques, no próximo dia 19, é o grande destaque da Quinzena Gastronómica dedicada ao Peixe-espada Preto, organizada pela Câmara Municipal, ArtesanalPesca e associações de comerciantes locais, que decorre entre os dias 12 e 27 de Julho, em 50 restaurantes do concelho.
O arranque da iniciativa teve ontem lugar, com uma mesa redonda dedicada ao impacto da espécie na economia e gastronomia locais. O restaurante Barca Delta, um dos participantes no certame, foi o palco escolhido para esta conversa, que contou com a presença de José Polido, vereador das Actividades Económicas da Câmara Municipal, Oliveira Martins, da Associação de Comerciantes e Industriais do Concelho de Sesimbra, António Narciso, da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal, Manuel José Pinto Alves, da ArtesanalPesca, e António Reis Marques, autor do livro.
José Polido, em nome da autarquia, destacou o facto de 82 por cento das capturas desta espécie em Portugal serem originárias de Sesimbra, o que tem permitido “aumentar o valor do pescado e dar a conhecer as qualidades deste peixe”. O seu sucesso na gastronomia levou a autarquia a tentar certificar a marca, um processo que deverá estar concluído no espaço de três anos.
Manuel José Pinto Alves, representante da ArtesanalPesca, cooperativa de pescadores que desde 2007 recebe e transforma todo o Peixe-espada Preto capturado pelas embarcações sesimbrenses, para posterior colocação no mercado nacional e internacional, referiu que a cooperativa “trabalha com todas as cadeias de lojas de grande superfície e os pescadores ganham actualmente mais do que alguma vez ganharam”.Para este impulsionador da cooperativa, o acréscimo de captura tem permitido a venda do peixe a pelo menos três euros por quilo, um aumento significativo em relação aos preços praticados há alguns anos atrás.
A Quinzena Gastronómica decorre há três anos e pretende dinamizar a gastronomia, além de impulsionar a venda deste produto típico de Sesimbra. Os chefes de cozinha têm-se mostrado à altura do desafio visto que a cada ano que passa apresentam receitas mais surpreendentes. Na Quinzena do ano passado foram vendidos mais de 3750 pratos, um número que a organização considerou bastante elevado, mas que todos os dinamizadores esperam superar na edição deste ano.
A história da pesca do peixe-espada em Sesimbra, desde o branco, pescado próximo da costa, às viagens até bancos do Atlântico, aos acordos com Marrocos e, mais tarde, ao preto, que ainda hoje se mantém como grande impulsionador da pesca local, é contada por António Reis Marques da forma simples, apelativa e ao mesmo tempo detalhada, que caracteriza a sua escrita.

sábado

Objectivos e preocupações da nova direcção

Jornal “O Setubalense”, de 14 de Julho de 2008

Constituída por uma nova direcção, eleita no passado mês de Abril, a LASA aposta em elementos técnico - qualificados, com capacidade de assegurar a qualidade das intervenções publicas, contribuindo com projectos e soluções tecnicamente qualificadas para a resolução de problemas actuais, mas também, numa intervenção mais direccionada para a zona de Azeitão, e que deverá abranger vários sectores, com destaque para a área ambiental e patrimonial, sendo de referir um possível debate sobre o Palácio dos Duques de Aveiro, desenvolvido no âmbito do programa de debates sobre o património.
Na conferência de imprensa, que se realizou na passada sexta-feira nas novas instituições da LASA, na Travessa Galopim, na baixa da cidade, o vice-presidente da direcção, Rui Farinho referiu a necessidade de requalificar alguns espaços públicos de utilidade, como é o caso da entrada do Museu de Setúbal, que lembra ser de “instalação provisória a mais de uma década”, uma preocupação partilhada por Manuel Sequeira, que lembrou ainda, a necessidade de Setúbal aproveitar os inúmeros postos de trabalho que vão surgir em Setúbal, com os vários projectos que estão previstos para esta região, uma necessidade justificada pela elevada taxa de desemprego que abrange Setúbal e que leva Manuel Sequeira a questionar as iniciativas e os cursos que estão a ser desenvolvidos para que Setúbal aproveite esta benesse.

domingo

Câmara apresenta estudos urbanísticos

Jornal “O Setubalense”, de 4 de Julho de 2008

O estudo urbanístico para os terrenos da Carmona e da Gonvarri centram-se na hipótese de deslocar as duas fábricas para a zona da Mitrena, numa tentativa de salvaguardar a segurança das populações.
No caso da empresa Carmona, em Setúbal, a preocupação reside no facto desta empresa de resíduos perigosos viver paredes-meias com a população, o que deixa autoridades e habitantes alertados para o perigo de eventuais acidentes que possam ocorrer, sendo ainda de referir, o risco para a saúde pública destes moradores.
No que se refere à empresa Gonvari, uma fábrica metalo-mecânica localizada em Azeitão, a preocupação encontra-se no transporte dos materiais. O objectivo é tentar evitar acidentes graves, que embora nunca tenham acontecido, a verdade é que alguns dos rolos de ferro, diariamente, transportados para a fábrica já caíram dos camiões que asseguram este serviço, uma situação que merece a preocupação das entidades competentes, já que tal ocorrência põe em risco a segurança física dos automobilistas e da respectiva população.
O Pólo Comercial de Setúbal, um projecto que o vereador André Martins, destacou pelo facto de ter a capacidade de vir “criar um significativo número de postos de emprego em Setúbal”, foi outro dos estudos abordados. Trata-se de um projecto que, segundo o vereador responsável pelo pelouro do urbanismo, tem como objectivo atrair pessoas de fora, à cidade de Setúbal para ai fazerem as suas compras, invertendo assim, a actual tendência que lava muitos setubalenses a satisfazerem esta necessidade fora do concelho, assegurando as necessidades da população sadina.
De referir que estes estudos urbanísticos, aprovados na última Sessão de Câmara, onde apenas a proposta para o Pólo Tecnológico do IPS não foi aprovado pela oposição, vão ter a duração de quatro meses.
Justificando a conferência de imprensa que se realizou ontem no Salão Nobre dos Paços do Concelho pela necessidade de dar a conhecer o trabalho e os projectos que têm vindo a ser desenvolvidos, André Martins, que presidiu a sessão, explicou que está a decorrer um processo normal de revisão do Plano Director Municipal (PDM) que engloba uma estratégia de desenvolvimento para a cidade e centro urbano, abrangendo áreas de extrema importância para a cidade de Setúbal.
Neste encontro foram ainda, referidos outros estudos urbanísticos aprovados em Fevereiro, e que se encontram já em andamento, como é o caso da Ribeira do Machado, em Azeitão, que abrange numa das áreas de preocupação da autarquia, na medida em que aponta para uma estratégia de desenvolvimento do turismo, abrangendo a mobilidade dentro da cidade e uma estratégia de salvaguarda dos valores ambientais, preciosos para o turismo.


Cláudia Paiva

Parque de estacionamento automóvel “nasce” entre palmeiras na marginal junto à Lota

Jornal "O Setubalense", de 16 de Junho de 2008

A área ribeirinha, junto à Lota, que integra um conjunto de palmeiras, vai receber um parque de estacionamento automóvel. As obras em curso deverão estar concluídas previsivelmente dentro de mês e meio, e visam reordenar o estacionamento de apoio à Lota.
O espaço, até agora de terra batida, onde estão implantadas cerca de três dezenas de palmeiras - entre o edifício da Docapesca e o Clube Naval Setubalense - vai passar a acolher um parque de estacionamento automóvel. A obra está a ser executada por administração directa dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS).
Recorde-se que neste espaço existiu noutros tempos a histórica e mítica fábrica de gelo, conhecida por ‘Chanoca’, edifício de razoáveis dimensões que contemplava vários pisos, o qual acabou por ser desmantelado há cerca de quinze anos, depois de vários anos desactivado e abandonado.
Posteriormente, a administração portuária, com jurisdição naquela área ribeirinha, procedeu à plantação das actuais palmeiras, como forma de ocupar e embelezar aquele devoluto espaço.
A obra de pavimentação decorre desde há semanas naquela zona da marginal e, de acordo com fonte da administração da APSS contactada por «O Setubalense», entidade responsável pela empreitada em curso, o piso deste futuro parque de estacionamento deixará de ser em terra batida, porque está sendo pavimentado em pavet de betão, e “visa melhorar as condições de parqueamento na zona.”
O término desta obra está previsto para finais do próximo mês de Fevereiro, princípios de Março, no máximo. A garantia foi ainda deixada pela APSS, que acrescentou que o futuro parque de estacionamento destina-se a apoiar os utilizadores de primeira e segunda e vendas da Lota.
É sabido que ao início das noites e princípios das madrugadas, aquela artéria é bastante movimentada, particularmente pela circulação de carrinhas e camiões, que procedem à carga e descarga de pescado. Tal situação tem motivado a obstrução do trânsito automóvel, com os imagináveis prejuízos.
Com esta obra, pretende-se, simultaneamente, a requalificação desta zona ribeirinha, e a melhoria da operacionalidade para compradores e vendedores de pescado, todas as noites, nos movimentados espaços de primeira e segunda vendas da Lota.
No seguimento desta artéria marginal, no lado poente - entre o final da Doca dos Pescadores e acesso ao parque urbano de Albarquel – prosseguem entretanto as obras na via pública, ao abrigo do programa Polis. O objectivo é melhorar e dignificar toda aquela frente ribeirinha. Recordar, ainda, que também a placa central do final, poente, da avenida Luísa Todi – perto da saída para as praias - sofre profunda obra, e naquele espaço irá nascer um parque de estacionamento automóvel.


Teodoro João

Co-incineração: adiado julgamento de acções de municípios contra ministérios e Secil

Jornal “Público”, de 30 de Junho de 2008

O início do julgamento de duas acções administrativas especiais apresentadas pelos municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela contra os ministérios do Ambiente e da Economia e a Secil, a propósito da co-incineração na Arrábida, foi hoje adiado.
O juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada decidiu adiar o início do julgamento por ainda existirem alguns requerimentos que estão dentro do prazo de resposta.
"O juiz decidiu, e na minha opinião bem, adiar o início do julgamento pois existem requerimentos ainda dentro do prazo de resposta e corria-se o risco das testemunhas poderem ter que ser novamente chamadas para prestar esclarecimentos", disse o advogado Castanheira Barros, que representa os municípios, depois dos advogados de todas as partes terem estado com o juiz.
Castanheira Barros explicou que em causa está uma Declaração Ambiental favorável à co-incineração de resíduos industriais perigosos na Secil, à qual terá que responder até ao dia 3 de Julho.
"Foi assinada no dia 28 de Maio de 2008 uma Declaração Ambiental favorável pelo secretário de Estado do Ambiente e agora terei até ao dia 3 de Julho de me pronunciar. Só tive conhecimento desta situação há pouco tempo e já estou a trabalhar nesse sentido", explicou Castanheira Barros.
Os municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela levantaram duas acções administrativas especiais contra o Ministério do Ambiente, Ministério da Economia e Secil. "A primeira acção impugnou o despacho do ministro do Ambiente que dispensou a Secil da Avaliação de Impacte Ambiental, a segunda acção impugnou e pediu anulação das licenças ambiental, de instalação e exploração. É isto que está em causa", explicou Castanheira Barros. O julgamento não tem ainda nova data marcada.

Equipamentos de frio são sucesso na pesca

Jornal "Diário de Notícias", de 4 de Julho de 2008

Nem tudo é um mar de problemas no sector das pescas. Pelo menos na doca de Sesimbra "mora" um exemplo de sucesso, alicerçado numa ideia posta em prática pelos armadores em 1986. Criaram uma associação, foram conquistando mercado e na última década deram o salto decisivo com um investimento de cinco milhões de euros em câmaras congeladoras e de refrigeração.
O retorno não se fez esperar. Hoje, a Artesanal Pesca factura um milhão de euros por mês e emprega 40 pessoas. Mas há espaço para crescer.
O director, Manuel Alves, não é muito dado a auto-elogios, justificando ser as pescas uma actividade de "alto risco", que a qualquer momento mergulha numa crise inesperada. Mas congratula-se com os resultados obtidos nesta união de 20 armadores, que hoje ocupa uma área de trabalho de 1800 metros quadrados, onde os equipamentos de congelação se perfilam como sendo uma mais-valia. A capacidade de armazenamento atinge as 400 toneladas.
Trata-se de uma forma de responder à velha questão da comercialização. "Quando um pescador apanha muito peixe e julga que está rico, acaba por chegar à lota para o vender e vê que o preço é baixo. Estes equipamentos são a garantia de que as boas capturas não fazem cair o preço do peixe, porque ele pode ficar aqui armazenado e ser vendido mais tarde", explica Manuel Alves.
Actualmente, a empresa enquadra 16 barcos, com contratos directos com armadores para receber toda a sua produção, ficando responsável pela distribuição do pescado, com valores compensatórios em relação às capturas.
Nas instalações da Artesanal Pesca, os funcionários não têm mãos a medir para transformar e processar o peixe, aumentando a sua cadeia de valor através da inovação.
Mas foi apenas a 17 de Setembro de 2007 que a associação logrou conquistar uma velha reivindicação. A partir desse dia, passou a ser responsável pela venda da totalidade do peixe capturado pelos barcos seus associados. "Foi isso que nos permitiu valorizar o pescado e garantir o tal preço fixo", explicou Manuel Alves, sustentando que a partir daí se passou a combater com maior eficácia a desvalorização do pescado sujeito em leilão.
"É verdade que já tivemos crises, mas se não tivéssemos esta organização não teríamos resistido", diz, revelando que esta parceria não surgiu por acaso. Os responsáveis realizaram visitas a Espanha e França, para aprenderem com os colegas, mas também fizeram questão de marcar presença num encontro com armadores da Noruega, Dinamarca e Islândia. Uma troca de experiências que alertaram para a relevância de possuírem bons equipamentos, mas onde também aprenderam a dar instruções aos barcos para que façam capturas suficientes para o mercado "sem deixar degradar os recursos" .
Além de vender localmente a preços fixos, competindo com o leilão da lota, a Artesanal Pesca abastece todo o País, através das grandes superfícies, de peixe-espada preto (a principal fonte de receita), lixas, carochos e cação, com 10% da produção exportada para Espanha e França.
Um recente negócio de venda de peixe congelado na Austrália é considerado como um "passo importante" para o eventual aumento de vendas ao exterior. "O nosso peixe é mais saboroso e pode conquistar muitos adeptos lá fora", admite.


Roberto Dores

quinta-feira

O queijo de Anjo que ganha o mundo

Jornal “Diário de Notícias”, de 30 de Maio de 2008

Quando há 16 anos os irmãos Simões decidiriam investir algumas economias numa pequena queijaria na Quinta do Anjo (Palmela) estavam longe de imaginar que um dia os seus queijos iriam percorrer todo o País e cruzar fronteiras, rumo a lojas gourmet de Nova Iorque, Boston, Filadélfia ou Washington e a países como Luxemburgo, Angola, Canadá, Grã--Bretanha, Suíça e Holanda. "Isto era para a minha mulher e a minha cunhada terem o seu trabalho, mas já viu o que crescemos? Não é brincadeira, e olhe que são dos queijos mais caros do mundo", alerta orgulhoso o empresário Rui Simões.
Há alguns anos que este antigo serralheiro e o irmão eram donos de um rebanho de 200 ovelhas, mas limitavam-se a arrendar leite para a confecção de queijo. Até ao dia em que decidiram deitar mãos à obra e avançar para o seu próprio negócio. As mulheres não tinham emprego e talvez a queijaria Fernando & Simões, de produção artesanal, viesse a ser uma oportunidade para ambas. E foi.
Recorreram a um antigo queijeiro que durante meses lhes ensinou os segredos mais bem guardados do célebre queijo de Azeitão. Com uma produção diária de 50 litros de leite, provenientes das suas próprias ovelhas, começaram a confeccionar os primeiros exemplares. De pasta amarela e amanteigada, onde a flor do cardo "empresta" a enzima vegetal que faz coagular o leite. "Tirávamos entre 20 a 25 queijos por dia, que vendíamos à porta de casa", recorda Rui Simões, congratulando-se com a decisão de ter estabelecido uma parceria com a empresa Coalho, que assumiu a comercialização do produto.
Já lá vão dez anos que o negócio da vida se concretizou, sendo que o crescimento da firma se perfilou imparável. Hoje, a Fernando & Simões tem 800 ovelhas que chegam a dar dois mil litros de leite por dia, nos meses de maior produção, permitindo nesse período um fabrico diário de 1500 queijos achatados de 220 gramas, à ordem de quatro euros cada um.
"Mas isso é se for comprado aqui, na minha casa, porque aí fora vendem-nos a mais do dobro. Eu não posso fazer nada. Há dias fui a um restaurante, que é meu cliente, e os queijos que foram aqui comprados a menos de quatro euros, por ser para revenda, estavam a 12 euros na ementa. Tenho de me calar, é o negócio", admite,resignado, antes de partilhar o seu dia-a--dia na empresa onde são produzidos mais de metade dos célebres queijos de Azeitão certificados, que rendem uma facturação anual próxima do milhão de euros.
"É preciso ter paixão por isto. Entro aqui às 3.00 e nunca saio antes das 19.00. Até aos domingos tenho que vir voltar os queijos. É a única forma de manter a qualidade. De outra maneira não havia hipótese", revela, admitindo que já não se imagina "fora deste ambiente", onde tudo é branco, das paredes, às batas, até às botas, num cenário dominado pelo intenso cheiro a coalhada, que por momentos se entranha na própria roupa.
Em breve haverá mais trabalho na calha. É que a Fernando & Simões começou há uma semana a investir na produção de requeijão e tem já prevista, para Junho, o alargamento da actividade ao queijo fresco. Não vai haver lugar ao aumento dos actuais 12 postos de trabalho, mas será um passo para tentar manter os empregos na casa.
"Está tudo muito difícil e a toda hora fecham empresas. O queijo não é um artigo de primeira necessidade, pelo que queremos apresentar alternativas ao consumidor. Depois, o queijo de Azeitão estagnou e não está a responder ao poder de compra. Não podemos cruzar os braços", avisa.
Porque as vendas "já tiveram melhores dias", assume, a empresa da Quinta do Anjo mantém o mercado espanhol sob a mira, havendo já contactos com uma empresa de Madrid. Mas, por enquanto, as negociações estão mergulhadas num impasse.

Roberto Dores



Moscatel José Maria da Fonseca em leilão

Jornal “O Setubalense”, de 26 de Maio de 2008

Na próxima terça-feira a José Maria da Fonseca vai colocar no mercado o seu Moscatel Roxo Superior de 1960. Este lançamento será feito através de um leilão a realizar nas Caves da empresa, em Vila Nogueira de Azeitão, sendo antecedido por um jantar onde vinhos da José Maria da Fonseca estarão em harmonia com a cozinha do Chef Vítor Sobral.
Para enriquecer este leilão, farão parte dos lotes outros vinhos da José Maria da Fonseca. O destaque vai para alguns Moscatéis de Setúbal e Moscatéis Roxos mais antigos, os Torna Viagem, Periquitas antigos e o famoso José de Sousa de 1940 (a tal colheita esquecida durante anos debaixo de uma pilha de carvão).

Há cinco anos a proteger os direitos das crianças

Jornal “O Setubalense”, de 19 de Maio de 2008

Nasceu do sonho de uma mulher, que desejava criar uma instituição de defesa das crianças mais desprotegidas. Meninos de Oiro foi criada em Dezembro de 2002 devido à vontade de um pequeno grupo de voluntários, tendo sido constituída formalmente a 14 de Maio de 2003.
A conferência que a associação Meninos de Oiro levou à Escola Superior de Tecnologia de Setúbal tinha como tema “Vítimas de vítimas”, porque segundo Maria do Céu Guitart “quem vitimiza já foi vitimizado”.
Isto acaba por tornar-se um ciclo vicioso e à sociedade “tentar interromper e dar oportunidades às pessoas de não prosseguirem esse ciclo”, impedindo-as de magoar os outros, pelo simples motivo de também terem sido magoados e esse gesto ser assim uma vingança por tudo o que sofreram.
Quem já foi uma vítima precisa de “enfrentar os seus fantasmas”, isto é conseguir “enfrentar a sua própria infância sem dor, sem rancor, para depois conseguir não fazer novas vítimas”, explica a fundadora e presidente da associação.
Mas o mais importante não é ajudar as pessoas a aceitar o seu passado mas sim lutar para que não existam vítimas. É isso que Céu Guitart e a associação Meninos de Oiro fazem diariamente, apoiando neste momento cerca de 120 famílias de Azeitão, todas com crianças.
Esta acção é desenvolvida através do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, que é o principal projecto da instituição, através do qual prestam “todos os tipos de apoios que forem considerados relevantes para melhorarem o desempenho” quer das crianças quer das próprias famílias, como apoio psicológico, higiénico sanitário, escolar ou terapia da fala, por exemplo.
Enfim, a associação tenta “capacitar a família para que as crianças deixem de estar numa situação de risco ou mesmo de perigo”, de modo a evitar que as crianças tenham de ser institucionalizadas, porque “ tirar a criança à família é sempre de uma violência extrema”, esclarece Céu Guitart, que se mostra feliz por a associação nunca ter passado por esta situação.
No entanto, estão a acompanhar um caso, em articulação com uma equipa que trabalha junto do Ministério Público e do Tribunal de Família, em que se não conseguirem tornar essa “família mais funcional, poderá se chegar mesmo ao momento em que a criança terá de ser retirada”.
É a pensar nestas situações que Céu Guitart destaca a importância de avançar com o projecto do Centro de Acolhimento Temporário, um espaço que vai servir para “institucionalizar a criança o menor tempo possível” até se encontrar uma solução definitiva. Neste momento o projecto está à espera que a Câmara Municipal de Setúbal ceda um terreno para a construção do centro.

Funeral de Mariana Cunha realizou-se ontem

Jornal “O Setubalense”, de 9 de Maio de 2008

Mariana Relvas Cunha, a menina de 12 anos que faleceu na sequência de um acidente de viação ocorrido na última segunda-feira, teve ontem, durante as cerimónias fúnebres que se repartiram entre Sesimbra e Elvas, onde o corpo foi cremado, dezenas de pessoas que não quiseram deixar de lhe prestar a sua última homenagem. O corpo da pequena Mariana – filha e neta de uma das famílias mais tradicionais e conhecidas de Sesimbra – esteve em câmara ardente, desde quarta-feira, na Capela da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra de onde saiu, às 11 horas de quinta-feira, com destino a Elvas onde o corpo foi cremado. Os restos mortais da menina regressaram novamente à terra natal da sua família onde lhe foram prestadas as últimas exéquias.
Lembramos que Mariana foi aluna da Academia Luísa Todi – frequentada actualmente pelo seu único irmão, um ano mais novo - , em Setúbal, até ao último ano lectivo. Este era o primeiro ano de frequência do Sr. Peter’s Sckool e deixa nos que a conheceram e que com ela contactaram a lembrança de uma menina muito sossegada, obediente, meiga e introvertida.

Um morto em acidente com autocarro escolar

Jornal “Diário de Notícias”, de 6 de Maio de 2008

Uma aluna, de 12 anos, não resistiu a um acidente que envolveu um autocarro escolar, da empresa de transportes Luísa Todi, e um camião que carregava várias toneladas de brita. Cerca de 20 menores, entre os 11 e os 15 anos, regressavam ao Zambujal, em Sesimbra, depois de mais um dia de escola. Outras três crianças sofreram ferimentos ligeiros, sendo transferidas para o Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Passava as 19.30 quando o corpo foi retirado da ambulância, após as tentativas frustradas de reanimação dos médicos do INEM. O pai da criança, sentado num rail junto à ambulância, aguentou a dor com as mãos a tapar o rosto e partiu para o Garcia de Orta, sem proferir uma palavra. O pânico continuava estampado no rosto dos familiares, que procuravam saber o que tinha acontecido numa das muitas curvas da Estrada Nacional 379, que liga Azeitão a Sesimbra.
A colisão ocorreu às 18.15 no Alto das Vinhas, junto à localidade de Maçãs. O autocarro circulava no sentido de Sesimbra e foi abalroado por um camião - cuja empresa não foi revelada pelas autoridades - que partiu as janelas do lado direito do veículo de transporte de passageiros. O camião seguiu desgovernado durante 50 metros, colidindo com um ligeiro, da empresa VisaBeira, que também circulava na faixa contrária. O motorista do camião escapou ileso.
O comandante dos bombeiros de Sesimbra admitiu que o condutor do camião terá calculado mal a curva, acabando por se despistar. Quando chegou ao local, explicou o mesmo responsável, encontrou um cenário de "pânico" entre as crianças, percebendo que a vítima mortal já se encontrava em estado muito grave. Carlos Oliveira, vereador da protecção civil, garantiu que o autocarro tinha as condições de segurança.
O Núcleo de Investigação de Acidentes da GNR esteve no local e investiga as causas do acidente, que poderia até ter tido " consequências ainda mais trágicas", diz Ruben Canteiro, pai de um dos alunos que ontem à noite foi assistido no hospital de Almada. Álvaro, de 12 anos, sofreu lesões no braço e na perna , mas segundo os familiares, não ficará internado na unidade. O DN tentou obter informações junto dos responsáveis do Hospital Garcia de Orta, que se recusaram a prestar esclarecimentos sobre o estado de saúde das outras duas vítimas.


Roberto Dores
Com K.C.

Aquacultura em alto mar para recuperar a pesca

Jornal “Diário de Notícias”, de 4 de Maio de 2008

A Câmara de Sesimbra quer relançar o sector da pesca no concelho com uma aposta centrada na aquacultura em alto mar. Depois da crise estrutural que deixou no desemprego mais de um milhar de profissionais da vila pesqueira nos últimos anos, a autarquia ambiciona agora abrir a costa à instalação de jaulas que permitam a criação de douradas, robalos e bivalves, assegurando que, apesar de o investimento de cada sistema orçar o milhão de euros, a rentabilidade "é garantida".
A autarquia ainda não sabe quanto pode custar o projecto, nem quando estará em condições de avançar com os concursos públicos, mas justifica a sua aposta com base numa estação-piloto que desde 2001 está a ser promovido em Olhão, pelo Instituto Nacional de Recursos Biológicos (IPIMAR), tendo sido alargada à possibilidade de concurso público na costa algarvia.
A designada aquacultura offshore, um ramo ainda por explorar em Portugal, surge como um negócio "altamente rentável", já que o milhão de euros investido em cada sistema, ao qual há que adicionar os custos de manutenção e produção, serão, segundo os técnicos ouvidos pelo DN, compensados com uma produção média anual de quatro mil toneladas de pescado.
O próprio ministro Jaime Silva é um adepto da produção de peixe em alto mar, já tendo feito saber que tenciona apostar neste sistema, justificando que a aquacultura em alto mar "permite a reposição de stocks no mar e possibilita uma produção superior à aquacultura tradicional, praticado em rias e sistemas lagunares".
"É este potencial que nós queremos aproveitar para dinamizarmos as nossas pescas", explica o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, alertando para "um conjunto de vantagens" relativamente à tradicional aquacultura praticada em tanques. É que nas jaulas fixadas em alto mar, que podem variar entre os 40 e 60 metros de cumprimento e 20 a 30 de altura, os peixes e os bivalves são criados praticamente no seu habite natural.
"Embora também sejam alimentados artificialmente, os peixes alimentam-se do próprio plâncton e depois vão criar mais músculo porque estão em mar aberto. Logo, estamos a falar de douradas, robalos, ostras e amêijoas de melhor qualidade", alertou o autarca, convicto de que existem condições para serem criados peixes com a marca "Sesimbra", o que considera "importante por dar uma boa projecção no mercado".
Augusto Pólvora alude ainda à capacidade instalada no concelho, depois do fim da pesca em Marrocos e das restrições impostas pelo Plano de Ordenamento do Parque da Arrábida. "Este projecto vai permitir a reciclagem de barcos, além de termos umas instalações muito boas ao nível do docapesca e do porto de descarga".

Lembrar Sebastião da Gama

Jornal “O Setubalense”, de 7 de Abril de 2008

O programa de comemorações do 84.º aniversário de Sebastião da Gama inclui diversas iniciativas. A data de nascimento do poeta, 10 de Abril, coincide com as comemorações do Dia Municipal da Arrábida.
A Câmara Municipal e a Associação Cultural Sebastião da Gama vão promover o programa comemorativo do 84.º aniversário do nascimento do poeta Sebastião da Gama que inclui passeios de reflexão, pela Arrábida, por locais por onde o homenageado passou.
Estes encontros, intitulados “Percursos de Sebastião da Gama”, com partida do Museu Sebastião da Gama, realizam-se nos dias 13, 20 e 27, das 10 às 13 horas, para o público em geral, e a 7, 8, 10, 15 e 17, das 14 às 16 horas, para escolas.
O dia do nascimento de Sebastião da Gama, 10 de Abril, é o ponto alto das comemorações. Um almoço-convívio, às 13 horas, no Hotel Clube de Azeitão, com amigos e alunos do poeta e pedagogo, integra um tributo a Joana Gama. Às 16 horas, o Salão Nobre dos Paços do Concelho recebe uma sessão solene de homenagem ao poeta da serra-mãe. O programa regressa a Azeitão, para um “Um Concerto de Aniversário de Sebastião da Gama e Dia Municipal da Arrábida”, com a participação da banda e do coro da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, às 21.30 horas, na sede desta associação.
Uma mostra de trabalhos, de vários artistas, alusivos a Sebastião da Gama, organizada pela Associação Ecos D’Art, está patente entre 12 e 26 de Abril, no Club Setubalense. A inauguração é as 16 horas.
“Conversas com Sebastião da Gama” é o mote de mais dois encontros. O primeiro, marcado para dia 19, às 18 horas, no Club Setubalense, incide sobre os alunos de Sebastião da Gama, enquanto o segundo, a 26, à mesma hora, no Museu Sebastião da Gama, em Azeitão, reflecte sobre a doutrina do homenageado enquanto pedagogo.
O programa comemorativo evoca o pioneiro na defesa da Arrábida, em particular quando, em 1947, ainda jovem, se insurgiu contra a devastação da Mata do Solitário.

domingo

Criança romena atropelada mortalmente

“Jornal de Notícias”, de 22 de Junho de 2008

Uma criança de três anos foi mortalmente atropelada, sexta-feira à noite, em Vendas de Azeitão, concelho de Setúbal, depois de ter saído disparada do quintal da casa onde morava com os pais, um casal oriundo da Roménia, apurou o JN junto dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, que acorreram ao local.
O acidente registou-se pelas 21.45 horas de anteontem, na Estrada Nacional 379, junto aos semáforos de Vendas de Azeitão. O menino foi colhido por um jipe quando atravessava a via, tendo sofrido uma pancada na cabeça, o que lhe provocou a morte imediata, explicou, ao JN, o subchefe Quintinho Machado, daquela corporação de bombeiros.
Quando chegaram ao local, já nada puderam fazer para salvar a criança. O corpo foi removido para a morgue do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
O condutor do veículo foi identificado no local pela Brigada de Trânsito da GNR, tendo sido submetido aos testes de despistagem de álcool e de substâncias estupefacientes. As circunstâncias em que tudo aconteceu estão agora a ser investigadas.

Fátima Mariano

Menino atropelado na primeira hora de férias

Jornal “Diário de Notícias”, de 22 de Junho de 2008

Acidente ensombrou dias de descanso em Vendas de Azeitão de família romena residente em Madrid. O filho de quatro anos, Daniel Raul Merce, foi brutalmente atropelado por um jipe quando fazia planos para a ida à praia, prevista para ontem. Pais da vítima exigem justiça.
Daniel Raul Merce, de quatro anos, tinha chegado a Vendas de Azeitão, em Setúbal, há cerca de uma hora para uns dias de férias. "Estava louco para ir à praia", contou a mãe ao DN, ontem. Mas ainda o pai não tinha descarregado totalmente a bagagem quando a tragédia ensombrou os dias de descanso a esta família romena residente em Madrid. A criança foi violentamente atropelada por um jipe, tendo morte imediata. O condutor parou e não acusou alcoolemia no teste, mas os pais garantem que "ia muito depressa" e pedem justiça, prometendo ficar em Portugal para acompanhar o processo jurídico.
Já passava das 21.00 de sexta--feira, mas a luz do dia ainda permitia uma boa visibilidade na Estrada Nacional 379, que passa a escasso dois metros das casas dos moradores da rua 25 de Abril. A família Merce, que fala um castelhano perfeito, tinha chegado instantes antes para uns dias de férias na casa do afilhado de Danut - o pai do menino -, um romeno que reside nas Vendas de Azeitão. Enquanto Maria Merce - a mãe - tratava da filha mais nova, ainda bebé, Daniel Raul ia brincando com os familiares, junto à estrada, mas em zona segura para os peões, de acordo com o progenitor.
"O meu afilhado estava com ele e não me preocupei. Estava a ouvi-lo dizer que amanhã [ontem] íamos à praia. Estava tão divertido!", recordou Danut, ao DN, sem conseguir conter as lágrimas, necessitando de ganhar fôlego para relatar o que viu. "Um jipe vinha a grande velocidade, quando só devia circular a 50 quilómetros/hora, e apanhou o meu filho aqui", disse, apontando para a berma, sendo ali visível uma travagem de cerca de 15 metros entre a estrada e suposto passeio.
"O menino foi projectado quase de 50 metros e ficou na faixa contrária com a cabeça desfeita. Veja lá a pancada, que o meu filho pesava 17 quilos e o jipe ficou com a óptica partida e com parte do pára-choques destruído", relatou, exibindo fotos do estado da viatura.
Ainda segundo o pai da vítima, o carro só viria a parar nos semáforos a cerca de 200 metros do local do embate. "Fez marcha atrás e pediu-nos desculpa. Disse que estava com muito pressa para chegar a Setúbal, mas isso não serve. Queremos que seja castigado", exige Danut Merce, de 26 anos, avisando que tem poder económico para levar o processo adiante.No momento do embate, o condutor terá chegado a desvalorizar a colisão, admitindo ter pensado que atropelara um cão, vindo a contrariar a versão dos pais, segundo a qual o menino estaria a brincar em lugar seguro.
O Núcleo de Investigação Criminal da GNR está a averiguar as causas do acidente. O corpo de Daniel Raul foi transportado para a morgue do hospital de Setúbal.


Roberto Dores

sexta-feira

Santos Populares de Sesimbra

Jornal "Público", de 19 de Junho de 2008

Marchas populares, ruas ornamentadas, bailes, noites de fado e espectáculos musicais são alguns dos destaques dos festejos dos Santos Populares, que decorrem por todo o concelho de Sesimbra, entre 20 e 30 de Junho.
O programa inclui uma Mostra de Caldeiradas, tradição típica da quadra, que conta com a participação de alguns restaurantes da vila. As marchas desfilam nos dias 23 e 30 de Junho, com a participação da Paróquia de Santiago e da Escola de Samba Bota no Rego, e no dia 27, na Quinta do Conde, com a participação do Centro Comunitário e da Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde.

ONU quer pôr o Mundo a descascar batatas

Jornal “Diário de Notícias”, de 11 de Junho de 2008

Com uma história de mais de oito mil anos, as batatas foram consideradas na Europa alimento de pobres e até de animais, mas hoje a sua versatilidade culinária, riqueza nutricional e facilidade de cultivo tornaram-na obrigatória em todas as mesas. Com milhares de variedades a explorar, em tempo de crise mundial de cereais, as Nações Unidas e outras organizações querem maior atenção ao seu cultivo e utilização.
Bacalhau com batatas. Ou sardinhas e outros peixes frescos. Ou cabrito, borrego ou carne de porco. Ou como base de sopas. São tantos os pratos tradicionais portugueses que levam batatas que nos esquecemos que a "tradição" de a utilizar como acompanhamento, em termos históricos, é muito recente entre nós, datando do século XIX. É que a batata é originária da América do Sul, mais precisamente dos Andes, e só no século XVI os colonizadores espanhóis a trouxeram para a Europa, onde demoraria mais três séculos até se generalizar nas mesas. Agora, em plena crise mundial dos cereais, é para este tubérculo que os olhos do mundo se voltam, tendo a ONU declarado 2008 como Ano Internacional da Batata.
A produção de batata tem vindo a crescer em todo o mundo, graças sobretudo aos países em desenvolvimento da Ásia, África e América do Sul que quase dobraram essa produção desde 1991. A título de exemplo, Angola, desde que a guerra terminou, aumentou a produção em 1200%... Mas é a China que tem sido a maior responsável pelo aumento, sendo hoje o maior produtor mundial (seguida pela Rússia e pela Índia), o que pode parecer estranho, já que os pratos chineses que conhecemos nunca integram batatas. A razão será a de que exportam quase tudo.
O chefe de cozinha Luís Baena, actualmente nos hotéis Tivoli, trabalhou vários anos no Oriente, incluindo em Hong Kong e Macau, e conta que quando ia aos mercados do antigo território administrado por Portugal os chineses recebiam-no com a palavra "batata", uma das poucas que pronunciavam na nossa língua, sabendo já que esse era um dos produtos que tinha clientela certa entre os portugueses.
Aliás, além de ser uma excelente e barata fonte de nutrientes (uma batata de tamanho médio fornece, por exemplo, metade das necessidades diárias de vitamina C de um adulto e um quinto das de potássio), o tubérculo é conhecido entre os cozinheiros amadores e profissionais pela sua enorme versatilidade. Ou seja, além de alimentar, as batatas prestam-se a inúmeras preparações, associando-se com facilidade a outro sem número de ingredientes e temperos, sendo portanto uma boa inimiga da monotonia à mesa.
Em Portugal, as batatas apresentam-se das mais diversas formas culinárias, sendo que produzimos em 2006 (segundo dados do INE), 611 mil toneladas, para um consumo anual que ronda os cem quilos per capita. Ou seja, temos que recorrer à importação, sendo a França e a Espanha os principais fornecedores. Mas também exportamos, sendo o Reino Unido e a França os principais compradores. Em termos de distribuição territorial, a Beira Litoral é que mais produz (32% do total), seguindo-se Ribatejo e Oeste (23%) e Trás-os-Montes (21%). A qualidade das batatas transmontanas é bem conhecida (nomeadamente as de Chaves), tendo direito inclusive a Indicação Geográfica Protegida (IGP).
Mas isso não garante que, na hora de comprar, os portugueses se mostrem lá muito exigentes. "A maioria dos clientes só se preocupa com as cores da casca, se é vermelha, branca ou amarela", afirma Maria José Macedo, que há mais de 20 anos se estabeleceu na Quinta do Poial, em Azeitão, uma das pioneiras no cultivo biológico. Mesmo assim, ela considera que tem havido um aumento crescente do interesse por batatas diferentes, graças em parte ao crescimento do consumo gourmet, e tem vindo a plantar novas qualidades.
Luís Baena confirma que, mesmo para os profissionais, a informação sobre a origem e as diversas qualidades de batata é ainda bastante escassa em Portugal. "Normalmente, há as mesmas indicações que constam em algumas embalagens de supermercado, do género 'se são para fritar, cozer ou assar', mas ainda estamos muito limitados. Não tiramos partido da grande versatilidade que as batatas apresentam".
Pode ser que, a partir deste Ano Internacional da Batata e da escassez de outros "acompanhamentos", as coisas mudem, também aqui.


Duarte Calvão

domingo

Associação diz que a guerra contra a co-incineração «ainda não está perdida»

Jornal “Sol”, 22 de Janeiro de 2008

A Associação dos Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado apelou hoje à adesão da população ao protesto contra a co-incineração de resíduos perigosos na Arrábida, que está marcado para sexta-feira à tarde, no Largo da Misericórdia, em Setúbal.

«Gostaríamos de ter uma grande adesão da população até porque a luta contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos não está perdida, ao contrário do que o Governo pretende fazer crer», disse hoje Fernanda Rodrigues, da Associação de Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado.
«Contamos com o apoio das três câmaras municipais - Palmela Sesimbra e Setúbal -, estando já confirmada a presença dos presidentes dos três municípios», acrescentou Fernanda Rodrigues, que está confiante de que a iniciativa terá o apoio de dirigentes locais dos principais partidos, incluindo o próprio Partido Socialista.
A decisão de convocar uma concentração contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos, surge na sequência da decisão do Supremo Tribunal Administrativo, que revogou a suspensão da proibição da queima de resíduos perigosos na cimenteira da Secil, no Outão.
As Câmaras Municipal de Palmela, Sesimbra e Setúbal, que já declararam o seu apoio á iniciativa que terá lugar pelas 16:00, prosseguem também o combate contra a co-incineração da cimenteira da Secil, no Outão, no plano jurídico.
O advogado das três autarquias, castanheira Barros, requereu segunda-feira a nulidade do recente acórdão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) que deu «luz verde» à co-incineração na cimenteira da Secil no Outão, Arrábida, Setúbal.
O requerimento de Castanheira Barros pretende que os pedidos sejam apreciados pela «Conferência de Juízes da Secção de Contencioso do STA», disse castanheira Barros.

Conquistar o mar

Jornal “Setubsalense”, de 14 de Janeiro de 2008

Quem quer ir de Azeitão até, por exemplo, à praia de Galápos, tem de vir primeiro a Setúbal e depois segue o trajecto normal pela estrada da Figueirinha.
Ou seja: lentamente, paulatinamente, com pezinhos de lã, temos vindo a perder lentamente as praias desta zona, para além de Tróia, que estará a médio prazo, fortemente condicionada.
Esta é uma típica noção de suposto desenvolvimento Setubalense, desde sempre: não está bom, vai ficando pior, ainda pior, até que... acabou-se.
Turismo de qualidade não se compadece com todos estes condicionalismos existentes, nem com estas mentalidades.
Solução preconizada: Juntar três ideias - chave já utilizadas em Setúbal – Reforço do primeiro pontão, construção de um segundo pontão, areia trazida da foz do rio e estacionamento na praia.
Vamos lá concretizar a ideia que tenho e ver se é boa.
O pontão da Figueirinha deve ser corrigido e aumentado, quer em largura, mas sobretudo em comprimento.
Sensivelmente a meio caminho entre a Figueirinha e a Praia dos Coelhos, construir um pontão bem feito no qual, à medida que se afasta de terra vai alargando, efectuar um alinhamento entre esses dois pontões e a parede natural existente na Praia dos Coelhos e, tal como fizeram em Albarquel, encher toda essa zona de areia, ficando uma Praia Grande, com início na Figueirinha, passando pelas ruínas da discoteca Seagull (ai que saudades, ai ai !!!), por Galápos, por Galapinhos e finalmente Praia dos Coelhos, ininterruptamente.
Esta Praia Grande teria então capacidade para acolher quatro filas de estacionamento (dentro na praia, tal como na Figueirinha), com uma estrada para lá e outra para cá, ligações a meio entre os dois sentidos e assim, quem viria de Setúbal, entraria ou sairia nesse estacionamento na zona da Figueirinha, que é a zona mais larga de toda a estrada e a única zona de acesso.
Conseguem imaginar o tamanho da praia, desde a Figueirinha, até quase à Arrábida? E a quantidade de estacionamento existente?
Rochas para construir o pontão não faltam em toda esta zona que assistiu, ao longo dos séculos, à queda de pedregulhos provenientes da Serra e que se encontram por ali espalhados (não seriam suficientes, mas era uma ajuda).
Areia também não falta. Basta ir à foz do rio Sado buscá-la, tal como se fez em Albarquel e encher a praia.
Não seria então permitido o estacionamento em toda a extensão da estrada da Figueirinha, facilitando-se os acessos rodoviários, o estacionamento e... tínhamos uma Praia Grande. Os restaurantes e bares vinham já a seguir, para além dos dois que já lá estão.
Já agora que estamos nessa zona. Porque é que nunca deixaram reconstruir a discoteca Seagull?
Era uma das melhores discotecas do país, conhecida em todo o lado, onde vinha gente de toda a parte, para poderem sentir a brisa marítima naquela varanda insubstituível.
O Seagull tornou-se, ao longo dos anos, muito mais do que uma simples discoteca. Era uma referência para nós, Setubalenses e também para quem que nos visitava. Os meus amigos e conhecidos dos mais variados locais do país, quando vinham cá, após um bom jantar setubalense, era destino obrigatório. Toda a gente ficava maravilhada. O pessoal de Lisboa era vê-los aos magotes nas noites de Sábado!
Já viram como está agora? Tudo em ruínas. Há 10 anos que está assim.
Dá vontade de chorar!
Para quem, como eu, tem o Seagull como parte integrante do seu roteiro afectivo, aperta-se-me o coração de tristeza, de melancolia e de revolta, sempre que passo por aquelas ruínas.
Mais um exemplo infeliz e triste da vocação que Setúbal tem e não aproveita.
Portanto, caros Setubalenses, ou recuperamos o rio e o mar definitivamente ou ficamos com uma vocação turística mais uma vez adiada.

Giovanni Licciardello

Incêndio desaloja família

Jornal “Diário de Notícias”, 17 de Outubro de 2007

Uma família de sete pessoas ficou ontem desalojada na sequência de um um incêndio que destruiu completamente a habitação onde moravam, em Brejos de Azeitão, Setúbal. Os desalojados vão ser acomodados temporariamente na casa de familiares, segundo à Lusa o coordenador da Protecção Civil Municipal de Setúbal, José Luís Bucho.
O coordenador da Protecção Civil Municipal adiantou ainda que a família vai procurar nova casa a partir de amanhã, beneficiando do apoio financeiro da Segurança Social previsto para estas situações, uma vez que perdeu todos os seus haveres e a casa onde morava.
Segundo José Luís Bucho, quando os bombeiros chegaram ao local, cerca das 13.30, a casa já estava envolta em chamas e ficou totalmente destruída. No local, estiveram elementos dos Bombeiros Sapadores de Setúbal, da Protecção Civil Municipal e da Segurança Social.

"O golfe em Portugal é feito só para turistas"

Jornal “Diário de Notícias”, 20 de Outubro de 2007

Pedro Figueiredo começou a dar as primeiras tacadas aos seis anos no campo da Quinta do Peru, em Azeitão, perto de Palmela, porque o pai é proprietário de um restaurante naquele empreendimento. Mas foi preciso o professor do clube de golfe convencê-lo a iniciar-se na prática da modalidade. Hoje é o número um do ranking da Federação Portuguesa de Golfe para amadores e mostra-se crítico para com a forma como a modalidade é tratada.
"No início não me sentia à vontade no campo porque não conhecia quem quer que fosse. Mas quando comecei a adaptar-me ao golfe, não mais parei de jogar", recordou ao DN sport o golfista, de 16 anos, natural de Paris (França), para onde os seus pais tinham emigrado. Antes do golfe, dedicava-se aos ténis e ao futebol na escola. Até que um dia, "por uma questão de disponibilidade de tempo", teve de optar entre as raquetes e os greens. O golfe levou a melhor. "Encaro-o também como um hobby, pois é uma maneira de me divertir", diz Pedro Figueiredo, que gosta de sair à noite com os amigos e frequentar a praia de dia de acordo com as possibilidades. Porém, antes das provas não ingere bebidas alcoólicas e tem cuidado com a alimentação.
Aos nove anos, sagrou-se campeão nacional de sub-12, a primeira grande proeza na sua carreira. Um ano depois começou a participar em torneios internacionais em vários países europeus, onde o melhor que conseguiu foi um segundo lugar na Suíça. Noutras competições, perdeu numa meia-final e alcançou um quarto lugar. Em 2007 ganhou seis torneios em Portugal e já contabiliza 27 provas a nível internacional.
Na semana passada, Pedro Figueiredo participou no Open de Madrid, em Espanha, a convite de Severiano Ballasteros, antigo campeão do mundo e figura lendária na modalidade. A oportunidade surgiu-lhe na sequência de um encontro, poucos dias antes, com o espanhol na Escola de Golfe, em Cascais. Só que a experiência madrilena não correu bem. "Joguei muito mal e talvez tenha sido o meu pior resultado neste ano. Terei sentido um pouco de responsabilidade ao ter jogado por tal convite", reconhece.
Aposta em tornar-se profissional no momento oportuno, ou seja, "dentro de cinco ou seis anos". Nessa altura, já terá 20 anos. Antes, porém, refere, "quero ir para os Estados Unidos da América seguir um curso universitário ligado à área da gestão, economia. Quando concluir o curso, regressarei à Europa e tornar-me-ei profissional com a possibilidade de jogar no circuito europeu".
Para já, Pedro Figueiredo frequenta o 11.º ano do curso de Economia, no Colégio St. Peter's School, em Palmela. Sempre que os torneios o obrigam a faltar às aulas, conta com o apoio dos responsáveis do colégio. "Ajudam-me imenso. Quando estou ausente enviam-me a matéria por e-mail para poder recuperar", nota.
Para 2008, o objectivo passa por ganhar um torneio internacional, e manter-se "o número um dos amadores". Sobre o panorama do golfe em Portugal, lamenta a "escassez de jovens praticantes devido aos elevados preços dos campos" (na ordem dos 150 euros) em comparação com outros países europeus. "O golfe em Portugal é feito só para turistas", critica Pedro Figueiredo. Mas conclui que também falta "um jogador ao nível dos melhores do mundo, um ídolo, de forma a impulsionar o golfe junto dos novos praticantes".


José Manuel Oliveira

Lembrar Sebastião da Gama

Jornal “O Setubalense”, 7 de Abril de 2008

O programa de comemorações do 84.º aniversário de Sebastião da Gama inclui diversas iniciativas. A data de nascimento do poeta, 10 de Abril, coincide com as comemorações do Dia Municipal da Arrábida.
A Câmara Municipal e a Associação Cultural Sebastião da Gama vão promover o programa comemorativo do 84.º aniversário do nascimento do poeta Sebastião da Gama que inclui passeios de reflexão, pela Arrábida, por locais por onde o homenageado passou.
Estes encontros, intitulados “Percursos de Sebastião da Gama”, com partida do Museu Sebastião da Gama, realizam-se nos dias 13, 20 e 27, das 10 às 13 horas, para o público em geral, e a 7, 8, 10, 15 e 17, das 14 às 16 horas, para escolas.
O dia do nascimento de Sebastião da Gama, 10 de Abril, é o ponto alto das comemorações. Um almoço-convívio, às 13 horas, no Hotel Clube de Azeitão, com amigos e alunos do poeta e pedagogo, integra um tributo a Joana Gama. Às 16 horas, o Salão Nobre dos Paços do Concelho recebe uma sessão solene de homenagem ao poeta da serra-mãe. O programa regressa a Azeitão, para um “Um Concerto de Aniversário de Sebastião da Gama e Dia Municipal da Arrábida”, com a participação da banda e do coro da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, às 21.30 horas, na sede desta associação.
Uma mostra de trabalhos, de vários artistas, alusivos a Sebastião da Gama, organizada pela Associação Ecos D’Art, está patente entre 12 e 26 de Abril, no Club Setubalense. A inauguração é as 16 horas.
“Conversas com Sebastião da Gama” é o mote de mais dois encontros. O primeiro, marcado para dia 19, às 18 horas, no Club Setubalense, incide sobre os alunos de Sebastião da Gama, enquanto o segundo, a 26, à mesma hora, no Museu Sebastião da Gama, em Azeitão, reflecte sobre a doutrina do homenageado enquanto pedagogo.
O programa comemorativo evoca o pioneiro na defesa da Arrábida, em particular quando, em 1947, ainda jovem, se insurgiu contra a devastação da Mata do Solitário.

Câmara de Sesimbra exige a integração do concelho na rede de urgência

Jornal “Público”, 24 de Março de 2008

A Câmara Municipal de Sesimbra (CMS) não se conforma com a decisão do Ministério da Saúde pelo facto de não ter sido contemplada na rede de urgência e emergência, apesar de "preencher todos os critérios requeridos pelo Ministério". A 18 de Março, a autarquia (CDU) aprovou uma deliberação contra o Ministério, demonstrando a sua "frontal e absoluta discordância" com o despacho publicado no Diário da República a 28 de Fevereiro deste ano, no qual foram definidos e classificados os pontos da rede de urgência e emergência.
O presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, lamentou esta decisão. "É inaceitável que sejamos tratados desta maneira”, já que o concelho preenche todos os critérios requeridos pelo Ministério da Saúde para ser incluído na rede de urgência.
Os critérios determinam que o tempo de acessibilidade na rede de urgência seja inferior a 30 minutos mas "se um doente for transportado de Sesimbra para o Garcia de Orta demora mais de 30 minutos para este ou qualquer outro hospital das proximidades", explicou Augusto Pólvora.
Outro dos critérios está relacionado com o número de população residente e flutuante, uma vez que "Sesimbra conta com um fluxo turístico bastante grande, o que abrange mais de 200 mil dormidas por ano em hotéis e residências, sobretudo aos fins-de-semana e durante o mês de Agosto".
A preocupação da autarquia prende-se com o facto deste despacho não contemplar um Serviço de Urgência Básico (SUB) para a área do Município de Sesimbra. "O nosso concelho tem uma afluência superior a 150 doentes por dia, número que aumenta para 200 por dia durante os meses de verão. Este factor devia ser suficiente para a construção de um SUB". O Ministério da Saúde "ainda não deu resposta à proposta de SUB apresentada, nem tão pouco marcou uma reunião para discussão da proposta, apesar das inúmeras tentativas da Câmara Municipal nesse sentido", informou o presidente da autarquia.
Para mostrar a sua indignação face à ausência do concelho no despacho e à situação geral da saúde no concelho, a câmara solicitou uma audiência à ministra da Saúde de forma a clarificarem a situação.
Na proposta apresentada pelo presidente da autarquia e pelo vereador do pelouro da Saúde reconhecem a "necessidade de melhoramento nos serviços de urgência", em grande parte devido à "sobrelotação das urgências no hospital Garcia de Orta e à necessidade de um reforço de médicos no centro de saúde da Quinta do Conde". A autarquia condena o referido despacho por "não cumprir a lei de bases da saúde e não se adaptar às condições da realidade nacional, nem às suas necessidades".

PSP detém futebolista no relvado e leva-o equipado e de chuteiras

Jornal “Diário de Notícias”, 18 de Março de 2008

O capitão de equipa do Grupo Desportivo de Sesimbra foi detido em pleno relvado, após o jogo de domingo frente ao Comércio e Indústria, pela PSP de Setúbal, sendo encaminhado para a esquadra da Bela Vista ainda equipado e de chuteiras. Nuno Silva é acusado de "injúrias" às autoridades, após uma cena de pancadaria na bancada, onde um director do Sesimbra foi violentamente agredido na cabeça, com duas muletas.
Rezam as crónicas que o encontro, a contar para a 1ª Divisão Distrital, disputado no Campo da Bela Vista, em Setúbal, decorria com fair-play até que uma azeda troca de palavras entre adeptos dos dois clubes resultou numa violenta agressão ao dirigente do Sesimbra Eduardo Rigor, que após ser atingido pelas muletas caiu no chão com o rosto coberto de sangue, perdendo os sentidos. A rixa estendeu-se às quatro linhas, com dois jogadores a saltarem para as bancadas.

Nuno Silva e Ricardo Rigor, filho do agredido, tentaram o ajuste de contas, enquanto a PSP procurava acalmar os ânimos, mas foram as palavras usadas por Nuno Silva contra as autoridades que levaram os agentes a detê-lo. O árbitro não expulsou ninguém e reatou o jogo, que teve 25 minutos de desconto. Após o apito final, os polícias dirigiram-se ao jogador, dando-lhe voz de prisão e pedindo-lhe que os acompanhasse, no carro da PSP, à esquadra.
"Nem deixaram o homem tomar banho", lamentou ao DN o presidente do Sesimbra, Sebastião Patrício, que estava no banco da equipa, avançando que o clube vai processar criminalmente o agressor de Eduardo Rigor, que está identificado e cujas muletas foram apreendidas, lamentando ainda o dirigente sesimbrense que "a polícia nada tenha feito para proteger o nosso director. Se o Nuno foi preso por dizer umas coisas, todos nós devíamos ser, porque também desabafámos a nossa revolta contra os polícias."
Foi a PSP que arranjou um fato-de-treino a Nuno Silva para que se protegesse do frio, depois de dar entrada na 2ª Esquadra. O jogador foi constituído arguído, sendo notificado para comparecer ontem no Tribunal de Setúbal, mas a audiência foi adiada para dia 1 de Abril. O jogo terminou empatado a uma bola.

Escuteiros espanhóis criticam MP de Sesimbra

Jornal “Diário de Notícias”, 17 de Março de 2008

Responsável do grupo de escuteiros espanhol acusado de homicídio negligente de um jovem de 13 anos, por alegado desrespeito pelas regras de prudência no âmbito de uma caminhada na serra da Arrábida, criticou ontem a acusação deduzida pelo Ministério Público (MP) de Sesimbra por não ter tido em conta o depoimento dos 23 jovens que participaram na actividade em que veio a falecer Diego Amador. César Gil Lamata, principal arguido do processo, garantiu que o jovem tinha problemas de saúde anteriores nunca revelados pela família.
Enrique Amador, pai do jovem falecido, garantiu, por sua vez, ao DN, que Diego era uma criança saudável, e que ainda viveria se a Asociación Grupo Lujan 102 tivesse tido as precauções mínimas, frisando ser estranho que, após esta acusação, aquele agrupamento de escuteiros de Madrid - que em Agosto de 2005 veio a Portugal realizar uns raids pela península de Setúbal - continue activo. "Eu e a minha esposa confiávamos naquele grupo de que Diego fez parte durante cinco anos. Sentimo-nos traídos. Esperamos que os escuteiros, enquanto instituição, castiguem devidamente a Asociación Grupo Lujan 102 de Madrid", disse.
A verdade sobre os contornos que provocaram a morte de Diego Amador, a 4 de Agosto daquele ano, durante uma caminhada de oito quilómetros entre a praia da Foz e a praia da Ribeira do Cavalo, em Sesimbra, alegadamente por exaustão física associada à exposição ao calor, só se irá saber, seguramente, durante o julgamento.
César Gil Lamata lembra que a acusação foi deduzida a 14 de Fevereiro deste ano e que os 23 jovens colegas de Diego foram ouvidos no tribunal de Madrid, a pedido do MP de Sesimbra, no dia 12, ou seja, dois dias antes. "Não houve tempo para que o magistrado acedesse aos depoimentos", criticou. Além de que, acrescentou, nunca o MP ouviu o cidadão português, conhecedor do terreno e da região, contactado pela associação para ajudar a preparar a actividade. Segundo César Gil Lamata, de 47 anos, os jovens iam naquele dia realizar uma caminhada de sete quilómetros, entre as oito da manhã e a uma da tarde, ao ritmo de um quilómetro por hora.
"Não se pode dizer, pois, que foram submetidos a um esforço sobre--humano", atestou, assegurando que o grupo de 24 jovens era acompanhado por duas viaturas de apoio, com alimentos, além de que, na zona em que Diego veio a falecer, "havia casas à volta, que, em caso de necessidade, disponibilizariam água". "É mentira que tivessem encontrado crianças desidratadas", garantiu, lamentando a morte de Diego. "A acusação do MP parece mais uma novela do que a descrição dos factos."
Enrique não se conforma e garante que o seu filho nunca teve historial clínico negativo. "Antes de morrer, arrastou-se com dores de cabeça e de barriga. Que barbaridade! Queremos justiça. Confiamos no tribunal português, e sabemos que não nos vai faltar", reagiu ao DN.

Morreu Joel Serrão, renovador da historiografia portuguesa

“Jornal de Notícias”, 7 de Março de 2008

Figura incontornável da historiografia portuguesa, Joel Serrão faleceu anteontem, em Sesimbra, vitimado por uma doença. Tinha 88 anos, muitos dos quais dedicados à investigação e à escrita. Publicou dezenas de obras, como o "Dicionário de História de Portugal", cuja primeira edição data dos anos 60 e ainda hoje é fonte de consulta obrigatória. Mas também escreveu monografias de cariz económico e social, além de textos sobre poetas. Foi pioneiro no estudo da História do século XIX em Portugal.
À obra de Joel Serrão - por muitos lembrado também como uma pessoa simples e civicamente interveniente - se deve, a par da de contemporâneos seus, a primeira aproximação às correntes historiográficas europeias do pós-guerra, sobretudo à revista francesa "Annales", fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre. Hoje, é unânime a opinião de que foi um dos investigadores que mais contribuíram para uma visão de conjunto da história moderna portuguesa.
Nascido no Funchal em 1919, Joel Serrão licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professor do ensino secundário em várias cidades do país e também deu aulas em duas universidades da capital, tendo ainda sido membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian.
Na opinião da investigadora Maria Filomena Mónica, Serrão "conseguiu olhar a História sem óculos ideológicos". "Dos intelectuais que viveram o antigo regime, Joel Serrão é o historiador que mais prezo, nomeadamente por ter sido capaz de fazer o 'Dicionário de História de Portugal', editado pela Figueirinhas, que é um trabalho imenso", disse.
Maria Filomena Mónica classificou ainda como "surpreendente" a ligação de Serrão à poesia. Na verdade, o ensaísta também estudou as figuras que se destacaram na evolução das ideias e da cultura, como Cesário Verde, Fernando Pessoa, Antero de Quental e António Sérgio, além de ter escrito obras de introdução às disciplinas filosóficas.
O historiador madeirense Nelson Veríssimo considera que Joel Serrão abriu muitas linhas de investigação em vários domínios. "A sua obra é notável, tendo introduzido em Portugal uma nova forma de pensar a História, a Sociologia e a História da Cultura e das Mentalidades", acrescentou.
O funeral sai às 10 horas de hoje da Igreja de Santo Condestável, em Lisboa, para o cemitério dos Olivais.

Isabel Peixoto

Italianos querem Cabo Espichel

Jornal “Diário de Notícias”, 3 de Março de 2008

Desde 1995, altura em que passou para as mãos do Estado português, que se desenham ideias sobre a melhor utilização a dar às albergarias do Cabo Espichel. Até agora, nada foi feito à excepção da recuperação, em 2000, da igreja de Nossa Senhora do Cabo. Mas, o futuro pode ser promissor. Para já, tudo o que existe são propostas privadas de um grupo francês e outro italiano, que segundo a autarquia de Sesimbra terá ligações ao Vaticano.
Os italianos serão os únicos a manter o seu interesse. O grupo quer transformar as albergarias num hotel de charme. Mas, para isso, necessitam da autorização da Igreja e do Estado (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico). Já os franceses apresentaram uma proposta para um hotel direccionado à terceira idade, mas "nunca mais nos contactaram", assegura Augusto Pólvora, presidente da Câmara de Sesimbra.
Por isso, o autarca já marcou uma reunião, para meados deste mês, com os proprietários do Cabo. O objectivo é tentar inverter a situação que se criou em 1995, quando a confraria doou ao Estado a ala Norte, mas com a condição de restaurar todo o conjunto. O Estado não cumpriu, mas também não pode voltar a entregar a propriedade à igreja por erro de redacção do documento que não previa a reconversão, caso uma das partes falhasse. "Estamos num impasse que tem de ser resolvido e hoje o Estado pode resolver a questão com facilidade", garantiu ao DN o autarca.
Augusto Pólvora frisa que a autarquia não pode comprar o Cabo, mas pode servir de intermediária: "Temos um grupo italiano bastante interessado, mas antes de avançarmos com possíveis projectos temos de ter tudo bem resolvido", frisa. Até porque "há pequenas parcelas de terreno que pertencem a privados".
Entretanto, a autarquia vai avançar com uma recuperação no santuário do Cabo Espichel orçada em cerca de 150 mil euros. "Vamos tentar melhorar as condições de atractividade deste espaço", explicou Augusto Pólvora. A grande novidade é a instalação de uma rede eléctrica, visto que actualmente apenas a igreja tem electricidade aos dias de missa (domingo às 16.00), alimentada por um velhinho gerador. Será construído um parque de estacionamento com 150 lugares, os vãos da ala Norte serão finalmente entaipados e as albergarias pintadas. A câmara ainda não decidiu se vai proibir a circulação automóvel no cruzeiro: "As pessoas reagem muito mal à mudança. Mas o objectivo é libertar este espaço para as pessoas andarem à vontade", avançou.
A Casa da Água não vai ser requalificada mas "vai ser protegida. Vamos colocar uns portões para impedir o acesso e tentar dar-lhe um ar lavado", frisa o autarca. Tudo porque, "o aspecto abandonado incentiva ao vandalismo", lamenta.

Ameaça de bomba na escola de Azeitão

Jornal “O Setubalense”, 27 de Fevereiro de 2008

Uma chamada telefónica feita para a Escola Básica 2,3 de Azeitão dava conta de que daí a alguns minutos iria explodir uma bomba, o que acabou por provocar a evacuação daquele recinto educativo.
Pouco passava das 13.45 horas de anteontem quando o telefonista da Escola 2/3 de Azeitão, situada na rua António Maria Oliveira Parreira, em Vila Nogueira de Azeitão, recebeu uma chamada telefónica através da qual uma voz dava conta de que cerca de 15 minutos depois a escola “iria pelos ares” devido a explosão de uma bomba que se encontrava no interior do recinto escolar.
Clara Félix, presidente do Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão foi de imediato contactada e, tal como referiu a «O Setubalense», ficou “alguns momentos indecisa” sobre qual seria a melhor atitude a tomar, uma vez que deveria tratar-se de uma brincadeira de muito mau gosto. No entanto, “e como temos cerca de 800 crianças na escola, optei por não arriscar e contactei de imediato as autoridades” que, neste caso, “foram muito eficientes” e chegaram rapidamente ao local.
Com efeito, a partir do alerta dado pela escola, para o local deslocou-se a GNR, os Bombeiros Sapadores de Setúbal e uma ambulância do INEM, tendo a escola começado a ser de imediato evacuada. Também nesta ocasião, “tudo correu muito bem, até porque”, como nos explicou Clara Félix, “as crianças têm exercícios desta natureza ao longo do ano lectivo e pensaram tratar-se de mais um”, o que só começou a levantar algumas dúvidas “na media em que iam saindo e vendo o aparato de veículos de socorro que se encontravam no local”.
A presidente do Agrupamento diz não ter qualquer base a que possa associar esta brincadeira de mau gosto, “até porque se tratava de um dia completamente normal de aulas, sem qualquer exame agendado” ou até mesmo estar a decorrer “qualquer processo disciplinar”.
A GNR de Setúbal que esteve no local, adiantou a «O Setubalense», através do responsável pelo Destacamento de Setúbal, Major Tavares Belo, que fez “a deslocação dos meios necessários para o local”, confirmou a “realização de buscas de segurança” mas que “não havia qualquer fundamento” para a ameaça, “não tendo sido encontrado qualquer objecto explosivo”.

Ana Maria Santos

Sexagenária encontrada morta debaixo de carro semi-submerso

Jornal “O Setubalense”, 20 de Fevereiro de 2008

Suzete Valente, de 67 anos de idade, enfermeira reformada, foi anteontem descoberta morta debaixo de um carro semi-submerso pela enxurrada, em Vila Nogueira de Azeitão, quando regressava a casa com o medicamento para o seu cão.
Suzete Valente, de 67 anos de idade, natural do Barreiro, viúva e enfermeira reformada do Hospital Dona Estefânia, morava há cerca de três anos na Rua Helena da Conceição dos Santos e Silva, no ‘coração’ de Vila Nogueira de Azeitão. Terá sido atraiçoada pela enxurrada quando subia a rua, de regresso a casa, ficando presa por debaixo de um automóvel estacionado.
O corpo da sexagenária, já cadáver, foi encontrado por debaixo de um automóvel, na rua de acesso a sua residência, no meio de uma enxurrada naquela inclinada artéria. Só a autópsia, a ter lugar no cemitério do Hospital de S. Bernardo, deverá agora esclarecer a causa da morte.
A médica veterinária da “Vet Arrábida”, a última pessoa que falou com Suzete Valente falou, e as vizinhas da sexagenária, não colocam outra hipótese: a senhora “arriscou” subir a rua, de regresso a casa, e foi atraiçoada pela forte bátega de água, acabando entalada na parte debaixo de um carro estacionado.
Ângela Martins, directora técnica da clínica veterinária ‘VET Arrábida’, lamentou a morte desta “nossa cliente, pessoa simpática e activa, com grande estima pela sua companhia, o cão ‘Lamb’, que é cardíaco. A senhora esteve aqui depois das 11 horas e levou comprimidos para o seu animal. No regresso a casa, aconteceu a tragédia”, lamentou.
À reportagem de «O Setubalense», uma vizinha da malograda e antiga enfermeira do Hospital Dona Estefânia, confirmou que a senhora, de bom trato, “residia aqui há três anos”. Maria Luísa Alface garante ter falado com a malograda vizinha do lado “meia hora antes dela descer a rua”, mas “nunca pensei ser pela última vez…”
A inusitada enxurrada de água da manhã de anteontem, terá sido o factor para este incidente mortal. Maria Alface não coloca outra hipótese, e até garante que a última vez que viu uma descarga de água assim “foi há 20 anos”. Com um pormenor: Esta prolongada rua (do antigo posto da GNR), com ligação ao centro de Vila Nogueira, “canaliza muita água proveniente do Alto da Madalena”. Em sua opinião, “a senhora não conhecia bem a força traiçoeira que a água leva nesta zona. Foi apanhada pela enxurrada, não resistiu e acabou entalada debaixo do carro”, considera Maria Alface.
De resto, ainda na manhã de ontem, aquando da visita da nossa reportagem ao local, as laterais do passeio completamente escavadas pela força das águas, dava a entender a força com que as águas pluviais ali correram no dia anterior.

Teodoro João

“O segredo do sucesso passa pelo espírito de sacrifício”

Jornal “O Setubalense”, 18 de Fevereiro de 2008

A fábrica de tortas Azeitonense produz, em média, dez mil tortas por dia, emprega trinta funcionários e já gerou mais de dois milhões de euros. Actualmente, as tortas de Azeitão marcam presença em praticamente todas as superfícies comerciais, grandes e pequenas. Mas há treze anos, a realidade era outra, pois quem quisesse provar este afamado doce teria que se deslocar ao distrito de Setúbal.
O proprietário da fábrica, António Martins, pasteleiro e empresário, pegou nas tortas de Azeitão, um produto regional, que estava subvalorizado e deu-lhe uma marca. Inicialmente, começou a produzir queijadas em casa e a vender de porta a porta. Mas cedo se apercebeu da potencialidade da torta que, segundo o pasteleiro, “tinha características ideias para poder ser trabalhada não só a nível local mas também exterior, uma vez que, tem como recheio o doce de ovo que, ao contrário do creme, aguenta-se por mais tempo”. Assim iniciou, há treze anos, o fabrico deste doce, a nível nacional.
O negócio foi-se adaptando às grandes superfícies, “de forma lenta e sustentada”, refere. Há dez anos começou a fabricar para o hipermercado Jumbo, assumindo a loja de Setúbal e a de Almada. Logo no primeiro ano obteve “um sucesso extraordinário de vendas”, conta o empresário. Após esse período quiseram que vende-se para outras lojas, no entanto, António Martins indicou que não tinha condições para tal. “Eram necessários equipamentos como carros frigoríficos, que não eram fáceis de adquirir”, revela. Algo que foi conseguindo pouco a pouco.
A fábrica foi sofrendo reformas, aumentando à medida que o negócio crescia. Apesar do doce mais conhecido ser a torta de Azeitão, a fábrica Azeitonense também produz outros bolos. As queijadas de Azeitão, queijinhos de Azeitão, esses de Azeitão, cavacas e até bolos integrais são produzidos e vendidos ao público no número 438 da rua S. Gonçalo, em Brejos de Azeitão. Segundo o proprietário todos os bolos são confeccionados sempre “ao gosto do cliente”, com ingredientes o mais naturais possível e “não entrando em concorrências”.
Prova da qualidade de produção desta fábrica é o prémio “Sabor do ano 2008”, conquistado com as tortas e os esses de Azeitão, galardão muito reconhecido em França como símbolo de qualidade no sector alimentar. Esta distinção resultou de várias provas cegas, desprovidas de marca, realizada por vários consumidores anónimos.
Os dividendos que o empresário retira da fábrica servem, de acordo com o mesmo, para promover a marca, porque, “para singrar nas grandes superfícies, onde há muita competitividade, é preciso apostar na publicidade”, explica. Também usa esses lucros para aumentar os salários dos seus trabalhadores, porque “é importante que estejam motivados e não é com salários baixos que se vai para a frente”. Mas também é exigente e escolhe a dedo cada trabalhador, dando sempre preferência àqueles com formação superior. O resto do dinheiro serve para investir, se bem que, grande parte do dinheiro, diz, vai também para o Estado, através dos impostos que o empresário considera “muito altos”.
Para António Martins o segredo do seu sucesso passa, além de ter uma boa equipa de trabalho, pelo espírito de sacrifício que está patente, por exemplo, na ausência de férias. Confessa que “quem tem um negócio deixa de usufruir de outras coisas, há que estar sempre atento e não estagnar, pensar sempre dois ou três anos à frente, mas sempre com calma e segurança”.
No futuro pretende abrir uma nova fábrica, na Estrada Nacional 10, à saída da estação de Coina. O espaço terá dois mil metros quadrados de área coberta, com zona de estacionamento.
António Martins pretende reservar um espaço para uma loja onde irá comercializar vários produtos da região da Arrábida, como mel, queijo, moscatel, rebuçados e até artesanato. Neste campo ambiciona ainda criar um atelier onde haverá alguém a pintar azulejos e onde as pessoas possam encomendar painéis.
Este investimento de 2,1 milhões de euros traduz-se também numa aposta na exportação. O pasteleiro criou outros tamanhos de tortas (mini-tortas e miniaturas) a pensar no mercado internacional e noutro tipo de consumidores e eventos como casamentos, cocktails, etc. “Os ovos e o açúcar agradam a todas as bocas”, garante, daí a certeza do sucesso além fronteiras.

Vera Gomes