quinta-feira

Chama-me Fado (Sesimbra)

Jornal "Público", de 30 de Julho de 2008

Falar de Fado através da dança. Este é o desafio a que a Companhia de Dança Contemporânea de Sintra se propôs responder. Quatro bailarinas e cinco músicos dão vida a uma interpretação do Fado, não só enquanto música, mas enquanto sentimento, forma de estar e viver. Dia 9 de Agosto, no Cine-Teatro Municipal João Mota, em Sesimbra.

terça-feira

Sesimbra: Vitória de Obama vai provocar viragem política - Mário Soares

Revista “Visão”, de 26 de Julho de 2008

Mário Soares defendeu na sexta-feira, em Sesimbra, que a vitória do candidato democrata, Barak Obama, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, pode representar uma viragem nas políticas neoliberais que têm sido seguidas nos países ocidentais nos últimos anos.
"O que se passou ontem (quinta-feira) em Berlim é uma coisa fabulosa. Cerca de 200 mil pessoas foram ouvir um candidato à presidência dos Estados Unidos porque sentem que é ali que está a esperança", disse o antigo Presidente da República.
Para Mário Soares a vitória de Barak Obama também é fundamental para a União Europeia, que, na opinião do antigo dirigente socialista, tem vindo a privilegiar as questões económicas em detrimento de um projecto político.
"Sou a favor de um projecto político europeu, não de um projecto económico", disse Soares, muito crítico em relação a alguns líderes europeus, como Gordon Brown (Inglaterra), Silvio Berlusconi (Itália), mas também de Nicolas Sarkozy (França), que acusou de não terem projecto político.
Mário Soares falava a cerca de 200 pessoas no Clube de Sesimbra durante o debate sobre "A Importância da Política", promovido pelo Observa -- um grupo de cidadãos sesimbrenses de diversas áreas políticas.
Numa abordagem directa ao tema proposto para o debate, em também participaram o renovador comunista Carlos Brito e o deputado do Bloco de Esquerda Fernando Rosas, Soares disse que "a política é da maior importância desde que tenhamos convicções".
"Não podemos é pensar que a política serve para ganhar a vida, fazer negócio ou lobby", acrescentou.
Para Fernando Rosas, deputado do Bloco de Esquerda eleito por Setúbal, a política está na ordem do dia em toda a Europa, onde ocorre "um ataque civilizacionalmente regressivo" aos direitos adquiridos pelos trabalhadores.
"A desregulamentação do trabalho, as privatizações da água, da energia", bem como o "agravamento drástico das desigualdades entre países e dentro de cada país", foram algumas das críticas de Fernando Rosas ao neoliberalismo dos países ocidentais nos últimos anos.
O renovador comunista Carlos Brito preferiu fazer uma outra abordagem do tema proposto para o debate, optando por enunciar algumas das razões que têm contribuído para um "afastamento cada vez maior dos portugueses da actividade política".
A inflexão para políticas de direita, que não correspondem aos anseios da população, as falsas promessas dos políticos e o funcionamento dos partidos, que considerou excessivamente condicionado pelos aparelhos partidários, foram algumas das justificações apresentadas pelo renovador comunista.
Carlos Brito acabou também por surpreender ao afirmar que defendeu o apoio do PCP à continuidade do então primeiro-ministro António Guterres, quando este pediu a demissão depois da derrota nas eleições autárquicas de 2001, em que o PS perdeu as principais câmaras municipais, incluindo Lisboa e Porto.
"Defendi que o nosso secretário-geral, Carlos Carvalhas, quando foi chamado a Belém pelo Presidente da República, deveria ter dito perante as câmaras de televisão que o PCP estava disponível para viabilizar um novo governo do PS", disse Carlos Brito, adiantando que este facto terá sido a gota de água que o levou a afastar-se do Partido Comunista.

Quinzena do peixe-espada preto em Sesimbra

Jornal “Margem Sul”, de 8 de Julho de 2008

O lançamento do livro “Peixe-espada de Sesimbra – A Preto e Branco”, da autoria de António Reis Marques, no próximo dia 19, é o grande destaque da Quinzena Gastronómica dedicada ao Peixe-espada Preto, organizada pela Câmara Municipal, ArtesanalPesca e associações de comerciantes locais, que decorre entre os dias 12 e 27 de Julho, em 50 restaurantes do concelho.
O arranque da iniciativa teve ontem lugar, com uma mesa redonda dedicada ao impacto da espécie na economia e gastronomia locais. O restaurante Barca Delta, um dos participantes no certame, foi o palco escolhido para esta conversa, que contou com a presença de José Polido, vereador das Actividades Económicas da Câmara Municipal, Oliveira Martins, da Associação de Comerciantes e Industriais do Concelho de Sesimbra, António Narciso, da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal, Manuel José Pinto Alves, da ArtesanalPesca, e António Reis Marques, autor do livro.
José Polido, em nome da autarquia, destacou o facto de 82 por cento das capturas desta espécie em Portugal serem originárias de Sesimbra, o que tem permitido “aumentar o valor do pescado e dar a conhecer as qualidades deste peixe”. O seu sucesso na gastronomia levou a autarquia a tentar certificar a marca, um processo que deverá estar concluído no espaço de três anos.
Manuel José Pinto Alves, representante da ArtesanalPesca, cooperativa de pescadores que desde 2007 recebe e transforma todo o Peixe-espada Preto capturado pelas embarcações sesimbrenses, para posterior colocação no mercado nacional e internacional, referiu que a cooperativa “trabalha com todas as cadeias de lojas de grande superfície e os pescadores ganham actualmente mais do que alguma vez ganharam”.Para este impulsionador da cooperativa, o acréscimo de captura tem permitido a venda do peixe a pelo menos três euros por quilo, um aumento significativo em relação aos preços praticados há alguns anos atrás.
A Quinzena Gastronómica decorre há três anos e pretende dinamizar a gastronomia, além de impulsionar a venda deste produto típico de Sesimbra. Os chefes de cozinha têm-se mostrado à altura do desafio visto que a cada ano que passa apresentam receitas mais surpreendentes. Na Quinzena do ano passado foram vendidos mais de 3750 pratos, um número que a organização considerou bastante elevado, mas que todos os dinamizadores esperam superar na edição deste ano.
A história da pesca do peixe-espada em Sesimbra, desde o branco, pescado próximo da costa, às viagens até bancos do Atlântico, aos acordos com Marrocos e, mais tarde, ao preto, que ainda hoje se mantém como grande impulsionador da pesca local, é contada por António Reis Marques da forma simples, apelativa e ao mesmo tempo detalhada, que caracteriza a sua escrita.

sábado

Objectivos e preocupações da nova direcção

Jornal “O Setubalense”, de 14 de Julho de 2008

Constituída por uma nova direcção, eleita no passado mês de Abril, a LASA aposta em elementos técnico - qualificados, com capacidade de assegurar a qualidade das intervenções publicas, contribuindo com projectos e soluções tecnicamente qualificadas para a resolução de problemas actuais, mas também, numa intervenção mais direccionada para a zona de Azeitão, e que deverá abranger vários sectores, com destaque para a área ambiental e patrimonial, sendo de referir um possível debate sobre o Palácio dos Duques de Aveiro, desenvolvido no âmbito do programa de debates sobre o património.
Na conferência de imprensa, que se realizou na passada sexta-feira nas novas instituições da LASA, na Travessa Galopim, na baixa da cidade, o vice-presidente da direcção, Rui Farinho referiu a necessidade de requalificar alguns espaços públicos de utilidade, como é o caso da entrada do Museu de Setúbal, que lembra ser de “instalação provisória a mais de uma década”, uma preocupação partilhada por Manuel Sequeira, que lembrou ainda, a necessidade de Setúbal aproveitar os inúmeros postos de trabalho que vão surgir em Setúbal, com os vários projectos que estão previstos para esta região, uma necessidade justificada pela elevada taxa de desemprego que abrange Setúbal e que leva Manuel Sequeira a questionar as iniciativas e os cursos que estão a ser desenvolvidos para que Setúbal aproveite esta benesse.

domingo

Câmara apresenta estudos urbanísticos

Jornal “O Setubalense”, de 4 de Julho de 2008

O estudo urbanístico para os terrenos da Carmona e da Gonvarri centram-se na hipótese de deslocar as duas fábricas para a zona da Mitrena, numa tentativa de salvaguardar a segurança das populações.
No caso da empresa Carmona, em Setúbal, a preocupação reside no facto desta empresa de resíduos perigosos viver paredes-meias com a população, o que deixa autoridades e habitantes alertados para o perigo de eventuais acidentes que possam ocorrer, sendo ainda de referir, o risco para a saúde pública destes moradores.
No que se refere à empresa Gonvari, uma fábrica metalo-mecânica localizada em Azeitão, a preocupação encontra-se no transporte dos materiais. O objectivo é tentar evitar acidentes graves, que embora nunca tenham acontecido, a verdade é que alguns dos rolos de ferro, diariamente, transportados para a fábrica já caíram dos camiões que asseguram este serviço, uma situação que merece a preocupação das entidades competentes, já que tal ocorrência põe em risco a segurança física dos automobilistas e da respectiva população.
O Pólo Comercial de Setúbal, um projecto que o vereador André Martins, destacou pelo facto de ter a capacidade de vir “criar um significativo número de postos de emprego em Setúbal”, foi outro dos estudos abordados. Trata-se de um projecto que, segundo o vereador responsável pelo pelouro do urbanismo, tem como objectivo atrair pessoas de fora, à cidade de Setúbal para ai fazerem as suas compras, invertendo assim, a actual tendência que lava muitos setubalenses a satisfazerem esta necessidade fora do concelho, assegurando as necessidades da população sadina.
De referir que estes estudos urbanísticos, aprovados na última Sessão de Câmara, onde apenas a proposta para o Pólo Tecnológico do IPS não foi aprovado pela oposição, vão ter a duração de quatro meses.
Justificando a conferência de imprensa que se realizou ontem no Salão Nobre dos Paços do Concelho pela necessidade de dar a conhecer o trabalho e os projectos que têm vindo a ser desenvolvidos, André Martins, que presidiu a sessão, explicou que está a decorrer um processo normal de revisão do Plano Director Municipal (PDM) que engloba uma estratégia de desenvolvimento para a cidade e centro urbano, abrangendo áreas de extrema importância para a cidade de Setúbal.
Neste encontro foram ainda, referidos outros estudos urbanísticos aprovados em Fevereiro, e que se encontram já em andamento, como é o caso da Ribeira do Machado, em Azeitão, que abrange numa das áreas de preocupação da autarquia, na medida em que aponta para uma estratégia de desenvolvimento do turismo, abrangendo a mobilidade dentro da cidade e uma estratégia de salvaguarda dos valores ambientais, preciosos para o turismo.


Cláudia Paiva

Parque de estacionamento automóvel “nasce” entre palmeiras na marginal junto à Lota

Jornal "O Setubalense", de 16 de Junho de 2008

A área ribeirinha, junto à Lota, que integra um conjunto de palmeiras, vai receber um parque de estacionamento automóvel. As obras em curso deverão estar concluídas previsivelmente dentro de mês e meio, e visam reordenar o estacionamento de apoio à Lota.
O espaço, até agora de terra batida, onde estão implantadas cerca de três dezenas de palmeiras - entre o edifício da Docapesca e o Clube Naval Setubalense - vai passar a acolher um parque de estacionamento automóvel. A obra está a ser executada por administração directa dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS).
Recorde-se que neste espaço existiu noutros tempos a histórica e mítica fábrica de gelo, conhecida por ‘Chanoca’, edifício de razoáveis dimensões que contemplava vários pisos, o qual acabou por ser desmantelado há cerca de quinze anos, depois de vários anos desactivado e abandonado.
Posteriormente, a administração portuária, com jurisdição naquela área ribeirinha, procedeu à plantação das actuais palmeiras, como forma de ocupar e embelezar aquele devoluto espaço.
A obra de pavimentação decorre desde há semanas naquela zona da marginal e, de acordo com fonte da administração da APSS contactada por «O Setubalense», entidade responsável pela empreitada em curso, o piso deste futuro parque de estacionamento deixará de ser em terra batida, porque está sendo pavimentado em pavet de betão, e “visa melhorar as condições de parqueamento na zona.”
O término desta obra está previsto para finais do próximo mês de Fevereiro, princípios de Março, no máximo. A garantia foi ainda deixada pela APSS, que acrescentou que o futuro parque de estacionamento destina-se a apoiar os utilizadores de primeira e segunda e vendas da Lota.
É sabido que ao início das noites e princípios das madrugadas, aquela artéria é bastante movimentada, particularmente pela circulação de carrinhas e camiões, que procedem à carga e descarga de pescado. Tal situação tem motivado a obstrução do trânsito automóvel, com os imagináveis prejuízos.
Com esta obra, pretende-se, simultaneamente, a requalificação desta zona ribeirinha, e a melhoria da operacionalidade para compradores e vendedores de pescado, todas as noites, nos movimentados espaços de primeira e segunda vendas da Lota.
No seguimento desta artéria marginal, no lado poente - entre o final da Doca dos Pescadores e acesso ao parque urbano de Albarquel – prosseguem entretanto as obras na via pública, ao abrigo do programa Polis. O objectivo é melhorar e dignificar toda aquela frente ribeirinha. Recordar, ainda, que também a placa central do final, poente, da avenida Luísa Todi – perto da saída para as praias - sofre profunda obra, e naquele espaço irá nascer um parque de estacionamento automóvel.


Teodoro João

Co-incineração: adiado julgamento de acções de municípios contra ministérios e Secil

Jornal “Público”, de 30 de Junho de 2008

O início do julgamento de duas acções administrativas especiais apresentadas pelos municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela contra os ministérios do Ambiente e da Economia e a Secil, a propósito da co-incineração na Arrábida, foi hoje adiado.
O juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada decidiu adiar o início do julgamento por ainda existirem alguns requerimentos que estão dentro do prazo de resposta.
"O juiz decidiu, e na minha opinião bem, adiar o início do julgamento pois existem requerimentos ainda dentro do prazo de resposta e corria-se o risco das testemunhas poderem ter que ser novamente chamadas para prestar esclarecimentos", disse o advogado Castanheira Barros, que representa os municípios, depois dos advogados de todas as partes terem estado com o juiz.
Castanheira Barros explicou que em causa está uma Declaração Ambiental favorável à co-incineração de resíduos industriais perigosos na Secil, à qual terá que responder até ao dia 3 de Julho.
"Foi assinada no dia 28 de Maio de 2008 uma Declaração Ambiental favorável pelo secretário de Estado do Ambiente e agora terei até ao dia 3 de Julho de me pronunciar. Só tive conhecimento desta situação há pouco tempo e já estou a trabalhar nesse sentido", explicou Castanheira Barros.
Os municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela levantaram duas acções administrativas especiais contra o Ministério do Ambiente, Ministério da Economia e Secil. "A primeira acção impugnou o despacho do ministro do Ambiente que dispensou a Secil da Avaliação de Impacte Ambiental, a segunda acção impugnou e pediu anulação das licenças ambiental, de instalação e exploração. É isto que está em causa", explicou Castanheira Barros. O julgamento não tem ainda nova data marcada.

Equipamentos de frio são sucesso na pesca

Jornal "Diário de Notícias", de 4 de Julho de 2008

Nem tudo é um mar de problemas no sector das pescas. Pelo menos na doca de Sesimbra "mora" um exemplo de sucesso, alicerçado numa ideia posta em prática pelos armadores em 1986. Criaram uma associação, foram conquistando mercado e na última década deram o salto decisivo com um investimento de cinco milhões de euros em câmaras congeladoras e de refrigeração.
O retorno não se fez esperar. Hoje, a Artesanal Pesca factura um milhão de euros por mês e emprega 40 pessoas. Mas há espaço para crescer.
O director, Manuel Alves, não é muito dado a auto-elogios, justificando ser as pescas uma actividade de "alto risco", que a qualquer momento mergulha numa crise inesperada. Mas congratula-se com os resultados obtidos nesta união de 20 armadores, que hoje ocupa uma área de trabalho de 1800 metros quadrados, onde os equipamentos de congelação se perfilam como sendo uma mais-valia. A capacidade de armazenamento atinge as 400 toneladas.
Trata-se de uma forma de responder à velha questão da comercialização. "Quando um pescador apanha muito peixe e julga que está rico, acaba por chegar à lota para o vender e vê que o preço é baixo. Estes equipamentos são a garantia de que as boas capturas não fazem cair o preço do peixe, porque ele pode ficar aqui armazenado e ser vendido mais tarde", explica Manuel Alves.
Actualmente, a empresa enquadra 16 barcos, com contratos directos com armadores para receber toda a sua produção, ficando responsável pela distribuição do pescado, com valores compensatórios em relação às capturas.
Nas instalações da Artesanal Pesca, os funcionários não têm mãos a medir para transformar e processar o peixe, aumentando a sua cadeia de valor através da inovação.
Mas foi apenas a 17 de Setembro de 2007 que a associação logrou conquistar uma velha reivindicação. A partir desse dia, passou a ser responsável pela venda da totalidade do peixe capturado pelos barcos seus associados. "Foi isso que nos permitiu valorizar o pescado e garantir o tal preço fixo", explicou Manuel Alves, sustentando que a partir daí se passou a combater com maior eficácia a desvalorização do pescado sujeito em leilão.
"É verdade que já tivemos crises, mas se não tivéssemos esta organização não teríamos resistido", diz, revelando que esta parceria não surgiu por acaso. Os responsáveis realizaram visitas a Espanha e França, para aprenderem com os colegas, mas também fizeram questão de marcar presença num encontro com armadores da Noruega, Dinamarca e Islândia. Uma troca de experiências que alertaram para a relevância de possuírem bons equipamentos, mas onde também aprenderam a dar instruções aos barcos para que façam capturas suficientes para o mercado "sem deixar degradar os recursos" .
Além de vender localmente a preços fixos, competindo com o leilão da lota, a Artesanal Pesca abastece todo o País, através das grandes superfícies, de peixe-espada preto (a principal fonte de receita), lixas, carochos e cação, com 10% da produção exportada para Espanha e França.
Um recente negócio de venda de peixe congelado na Austrália é considerado como um "passo importante" para o eventual aumento de vendas ao exterior. "O nosso peixe é mais saboroso e pode conquistar muitos adeptos lá fora", admite.


Roberto Dores