quinta-feira

O queijo de Anjo que ganha o mundo

Jornal “Diário de Notícias”, de 30 de Maio de 2008

Quando há 16 anos os irmãos Simões decidiriam investir algumas economias numa pequena queijaria na Quinta do Anjo (Palmela) estavam longe de imaginar que um dia os seus queijos iriam percorrer todo o País e cruzar fronteiras, rumo a lojas gourmet de Nova Iorque, Boston, Filadélfia ou Washington e a países como Luxemburgo, Angola, Canadá, Grã--Bretanha, Suíça e Holanda. "Isto era para a minha mulher e a minha cunhada terem o seu trabalho, mas já viu o que crescemos? Não é brincadeira, e olhe que são dos queijos mais caros do mundo", alerta orgulhoso o empresário Rui Simões.
Há alguns anos que este antigo serralheiro e o irmão eram donos de um rebanho de 200 ovelhas, mas limitavam-se a arrendar leite para a confecção de queijo. Até ao dia em que decidiram deitar mãos à obra e avançar para o seu próprio negócio. As mulheres não tinham emprego e talvez a queijaria Fernando & Simões, de produção artesanal, viesse a ser uma oportunidade para ambas. E foi.
Recorreram a um antigo queijeiro que durante meses lhes ensinou os segredos mais bem guardados do célebre queijo de Azeitão. Com uma produção diária de 50 litros de leite, provenientes das suas próprias ovelhas, começaram a confeccionar os primeiros exemplares. De pasta amarela e amanteigada, onde a flor do cardo "empresta" a enzima vegetal que faz coagular o leite. "Tirávamos entre 20 a 25 queijos por dia, que vendíamos à porta de casa", recorda Rui Simões, congratulando-se com a decisão de ter estabelecido uma parceria com a empresa Coalho, que assumiu a comercialização do produto.
Já lá vão dez anos que o negócio da vida se concretizou, sendo que o crescimento da firma se perfilou imparável. Hoje, a Fernando & Simões tem 800 ovelhas que chegam a dar dois mil litros de leite por dia, nos meses de maior produção, permitindo nesse período um fabrico diário de 1500 queijos achatados de 220 gramas, à ordem de quatro euros cada um.
"Mas isso é se for comprado aqui, na minha casa, porque aí fora vendem-nos a mais do dobro. Eu não posso fazer nada. Há dias fui a um restaurante, que é meu cliente, e os queijos que foram aqui comprados a menos de quatro euros, por ser para revenda, estavam a 12 euros na ementa. Tenho de me calar, é o negócio", admite,resignado, antes de partilhar o seu dia-a--dia na empresa onde são produzidos mais de metade dos célebres queijos de Azeitão certificados, que rendem uma facturação anual próxima do milhão de euros.
"É preciso ter paixão por isto. Entro aqui às 3.00 e nunca saio antes das 19.00. Até aos domingos tenho que vir voltar os queijos. É a única forma de manter a qualidade. De outra maneira não havia hipótese", revela, admitindo que já não se imagina "fora deste ambiente", onde tudo é branco, das paredes, às batas, até às botas, num cenário dominado pelo intenso cheiro a coalhada, que por momentos se entranha na própria roupa.
Em breve haverá mais trabalho na calha. É que a Fernando & Simões começou há uma semana a investir na produção de requeijão e tem já prevista, para Junho, o alargamento da actividade ao queijo fresco. Não vai haver lugar ao aumento dos actuais 12 postos de trabalho, mas será um passo para tentar manter os empregos na casa.
"Está tudo muito difícil e a toda hora fecham empresas. O queijo não é um artigo de primeira necessidade, pelo que queremos apresentar alternativas ao consumidor. Depois, o queijo de Azeitão estagnou e não está a responder ao poder de compra. Não podemos cruzar os braços", avisa.
Porque as vendas "já tiveram melhores dias", assume, a empresa da Quinta do Anjo mantém o mercado espanhol sob a mira, havendo já contactos com uma empresa de Madrid. Mas, por enquanto, as negociações estão mergulhadas num impasse.

Roberto Dores



Moscatel José Maria da Fonseca em leilão

Jornal “O Setubalense”, de 26 de Maio de 2008

Na próxima terça-feira a José Maria da Fonseca vai colocar no mercado o seu Moscatel Roxo Superior de 1960. Este lançamento será feito através de um leilão a realizar nas Caves da empresa, em Vila Nogueira de Azeitão, sendo antecedido por um jantar onde vinhos da José Maria da Fonseca estarão em harmonia com a cozinha do Chef Vítor Sobral.
Para enriquecer este leilão, farão parte dos lotes outros vinhos da José Maria da Fonseca. O destaque vai para alguns Moscatéis de Setúbal e Moscatéis Roxos mais antigos, os Torna Viagem, Periquitas antigos e o famoso José de Sousa de 1940 (a tal colheita esquecida durante anos debaixo de uma pilha de carvão).

Há cinco anos a proteger os direitos das crianças

Jornal “O Setubalense”, de 19 de Maio de 2008

Nasceu do sonho de uma mulher, que desejava criar uma instituição de defesa das crianças mais desprotegidas. Meninos de Oiro foi criada em Dezembro de 2002 devido à vontade de um pequeno grupo de voluntários, tendo sido constituída formalmente a 14 de Maio de 2003.
A conferência que a associação Meninos de Oiro levou à Escola Superior de Tecnologia de Setúbal tinha como tema “Vítimas de vítimas”, porque segundo Maria do Céu Guitart “quem vitimiza já foi vitimizado”.
Isto acaba por tornar-se um ciclo vicioso e à sociedade “tentar interromper e dar oportunidades às pessoas de não prosseguirem esse ciclo”, impedindo-as de magoar os outros, pelo simples motivo de também terem sido magoados e esse gesto ser assim uma vingança por tudo o que sofreram.
Quem já foi uma vítima precisa de “enfrentar os seus fantasmas”, isto é conseguir “enfrentar a sua própria infância sem dor, sem rancor, para depois conseguir não fazer novas vítimas”, explica a fundadora e presidente da associação.
Mas o mais importante não é ajudar as pessoas a aceitar o seu passado mas sim lutar para que não existam vítimas. É isso que Céu Guitart e a associação Meninos de Oiro fazem diariamente, apoiando neste momento cerca de 120 famílias de Azeitão, todas com crianças.
Esta acção é desenvolvida através do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, que é o principal projecto da instituição, através do qual prestam “todos os tipos de apoios que forem considerados relevantes para melhorarem o desempenho” quer das crianças quer das próprias famílias, como apoio psicológico, higiénico sanitário, escolar ou terapia da fala, por exemplo.
Enfim, a associação tenta “capacitar a família para que as crianças deixem de estar numa situação de risco ou mesmo de perigo”, de modo a evitar que as crianças tenham de ser institucionalizadas, porque “ tirar a criança à família é sempre de uma violência extrema”, esclarece Céu Guitart, que se mostra feliz por a associação nunca ter passado por esta situação.
No entanto, estão a acompanhar um caso, em articulação com uma equipa que trabalha junto do Ministério Público e do Tribunal de Família, em que se não conseguirem tornar essa “família mais funcional, poderá se chegar mesmo ao momento em que a criança terá de ser retirada”.
É a pensar nestas situações que Céu Guitart destaca a importância de avançar com o projecto do Centro de Acolhimento Temporário, um espaço que vai servir para “institucionalizar a criança o menor tempo possível” até se encontrar uma solução definitiva. Neste momento o projecto está à espera que a Câmara Municipal de Setúbal ceda um terreno para a construção do centro.

Funeral de Mariana Cunha realizou-se ontem

Jornal “O Setubalense”, de 9 de Maio de 2008

Mariana Relvas Cunha, a menina de 12 anos que faleceu na sequência de um acidente de viação ocorrido na última segunda-feira, teve ontem, durante as cerimónias fúnebres que se repartiram entre Sesimbra e Elvas, onde o corpo foi cremado, dezenas de pessoas que não quiseram deixar de lhe prestar a sua última homenagem. O corpo da pequena Mariana – filha e neta de uma das famílias mais tradicionais e conhecidas de Sesimbra – esteve em câmara ardente, desde quarta-feira, na Capela da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra de onde saiu, às 11 horas de quinta-feira, com destino a Elvas onde o corpo foi cremado. Os restos mortais da menina regressaram novamente à terra natal da sua família onde lhe foram prestadas as últimas exéquias.
Lembramos que Mariana foi aluna da Academia Luísa Todi – frequentada actualmente pelo seu único irmão, um ano mais novo - , em Setúbal, até ao último ano lectivo. Este era o primeiro ano de frequência do Sr. Peter’s Sckool e deixa nos que a conheceram e que com ela contactaram a lembrança de uma menina muito sossegada, obediente, meiga e introvertida.

Um morto em acidente com autocarro escolar

Jornal “Diário de Notícias”, de 6 de Maio de 2008

Uma aluna, de 12 anos, não resistiu a um acidente que envolveu um autocarro escolar, da empresa de transportes Luísa Todi, e um camião que carregava várias toneladas de brita. Cerca de 20 menores, entre os 11 e os 15 anos, regressavam ao Zambujal, em Sesimbra, depois de mais um dia de escola. Outras três crianças sofreram ferimentos ligeiros, sendo transferidas para o Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Passava as 19.30 quando o corpo foi retirado da ambulância, após as tentativas frustradas de reanimação dos médicos do INEM. O pai da criança, sentado num rail junto à ambulância, aguentou a dor com as mãos a tapar o rosto e partiu para o Garcia de Orta, sem proferir uma palavra. O pânico continuava estampado no rosto dos familiares, que procuravam saber o que tinha acontecido numa das muitas curvas da Estrada Nacional 379, que liga Azeitão a Sesimbra.
A colisão ocorreu às 18.15 no Alto das Vinhas, junto à localidade de Maçãs. O autocarro circulava no sentido de Sesimbra e foi abalroado por um camião - cuja empresa não foi revelada pelas autoridades - que partiu as janelas do lado direito do veículo de transporte de passageiros. O camião seguiu desgovernado durante 50 metros, colidindo com um ligeiro, da empresa VisaBeira, que também circulava na faixa contrária. O motorista do camião escapou ileso.
O comandante dos bombeiros de Sesimbra admitiu que o condutor do camião terá calculado mal a curva, acabando por se despistar. Quando chegou ao local, explicou o mesmo responsável, encontrou um cenário de "pânico" entre as crianças, percebendo que a vítima mortal já se encontrava em estado muito grave. Carlos Oliveira, vereador da protecção civil, garantiu que o autocarro tinha as condições de segurança.
O Núcleo de Investigação de Acidentes da GNR esteve no local e investiga as causas do acidente, que poderia até ter tido " consequências ainda mais trágicas", diz Ruben Canteiro, pai de um dos alunos que ontem à noite foi assistido no hospital de Almada. Álvaro, de 12 anos, sofreu lesões no braço e na perna , mas segundo os familiares, não ficará internado na unidade. O DN tentou obter informações junto dos responsáveis do Hospital Garcia de Orta, que se recusaram a prestar esclarecimentos sobre o estado de saúde das outras duas vítimas.


Roberto Dores
Com K.C.

Aquacultura em alto mar para recuperar a pesca

Jornal “Diário de Notícias”, de 4 de Maio de 2008

A Câmara de Sesimbra quer relançar o sector da pesca no concelho com uma aposta centrada na aquacultura em alto mar. Depois da crise estrutural que deixou no desemprego mais de um milhar de profissionais da vila pesqueira nos últimos anos, a autarquia ambiciona agora abrir a costa à instalação de jaulas que permitam a criação de douradas, robalos e bivalves, assegurando que, apesar de o investimento de cada sistema orçar o milhão de euros, a rentabilidade "é garantida".
A autarquia ainda não sabe quanto pode custar o projecto, nem quando estará em condições de avançar com os concursos públicos, mas justifica a sua aposta com base numa estação-piloto que desde 2001 está a ser promovido em Olhão, pelo Instituto Nacional de Recursos Biológicos (IPIMAR), tendo sido alargada à possibilidade de concurso público na costa algarvia.
A designada aquacultura offshore, um ramo ainda por explorar em Portugal, surge como um negócio "altamente rentável", já que o milhão de euros investido em cada sistema, ao qual há que adicionar os custos de manutenção e produção, serão, segundo os técnicos ouvidos pelo DN, compensados com uma produção média anual de quatro mil toneladas de pescado.
O próprio ministro Jaime Silva é um adepto da produção de peixe em alto mar, já tendo feito saber que tenciona apostar neste sistema, justificando que a aquacultura em alto mar "permite a reposição de stocks no mar e possibilita uma produção superior à aquacultura tradicional, praticado em rias e sistemas lagunares".
"É este potencial que nós queremos aproveitar para dinamizarmos as nossas pescas", explica o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, alertando para "um conjunto de vantagens" relativamente à tradicional aquacultura praticada em tanques. É que nas jaulas fixadas em alto mar, que podem variar entre os 40 e 60 metros de cumprimento e 20 a 30 de altura, os peixes e os bivalves são criados praticamente no seu habite natural.
"Embora também sejam alimentados artificialmente, os peixes alimentam-se do próprio plâncton e depois vão criar mais músculo porque estão em mar aberto. Logo, estamos a falar de douradas, robalos, ostras e amêijoas de melhor qualidade", alertou o autarca, convicto de que existem condições para serem criados peixes com a marca "Sesimbra", o que considera "importante por dar uma boa projecção no mercado".
Augusto Pólvora alude ainda à capacidade instalada no concelho, depois do fim da pesca em Marrocos e das restrições impostas pelo Plano de Ordenamento do Parque da Arrábida. "Este projecto vai permitir a reciclagem de barcos, além de termos umas instalações muito boas ao nível do docapesca e do porto de descarga".

Lembrar Sebastião da Gama

Jornal “O Setubalense”, de 7 de Abril de 2008

O programa de comemorações do 84.º aniversário de Sebastião da Gama inclui diversas iniciativas. A data de nascimento do poeta, 10 de Abril, coincide com as comemorações do Dia Municipal da Arrábida.
A Câmara Municipal e a Associação Cultural Sebastião da Gama vão promover o programa comemorativo do 84.º aniversário do nascimento do poeta Sebastião da Gama que inclui passeios de reflexão, pela Arrábida, por locais por onde o homenageado passou.
Estes encontros, intitulados “Percursos de Sebastião da Gama”, com partida do Museu Sebastião da Gama, realizam-se nos dias 13, 20 e 27, das 10 às 13 horas, para o público em geral, e a 7, 8, 10, 15 e 17, das 14 às 16 horas, para escolas.
O dia do nascimento de Sebastião da Gama, 10 de Abril, é o ponto alto das comemorações. Um almoço-convívio, às 13 horas, no Hotel Clube de Azeitão, com amigos e alunos do poeta e pedagogo, integra um tributo a Joana Gama. Às 16 horas, o Salão Nobre dos Paços do Concelho recebe uma sessão solene de homenagem ao poeta da serra-mãe. O programa regressa a Azeitão, para um “Um Concerto de Aniversário de Sebastião da Gama e Dia Municipal da Arrábida”, com a participação da banda e do coro da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, às 21.30 horas, na sede desta associação.
Uma mostra de trabalhos, de vários artistas, alusivos a Sebastião da Gama, organizada pela Associação Ecos D’Art, está patente entre 12 e 26 de Abril, no Club Setubalense. A inauguração é as 16 horas.
“Conversas com Sebastião da Gama” é o mote de mais dois encontros. O primeiro, marcado para dia 19, às 18 horas, no Club Setubalense, incide sobre os alunos de Sebastião da Gama, enquanto o segundo, a 26, à mesma hora, no Museu Sebastião da Gama, em Azeitão, reflecte sobre a doutrina do homenageado enquanto pedagogo.
O programa comemorativo evoca o pioneiro na defesa da Arrábida, em particular quando, em 1947, ainda jovem, se insurgiu contra a devastação da Mata do Solitário.

domingo

Criança romena atropelada mortalmente

“Jornal de Notícias”, de 22 de Junho de 2008

Uma criança de três anos foi mortalmente atropelada, sexta-feira à noite, em Vendas de Azeitão, concelho de Setúbal, depois de ter saído disparada do quintal da casa onde morava com os pais, um casal oriundo da Roménia, apurou o JN junto dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, que acorreram ao local.
O acidente registou-se pelas 21.45 horas de anteontem, na Estrada Nacional 379, junto aos semáforos de Vendas de Azeitão. O menino foi colhido por um jipe quando atravessava a via, tendo sofrido uma pancada na cabeça, o que lhe provocou a morte imediata, explicou, ao JN, o subchefe Quintinho Machado, daquela corporação de bombeiros.
Quando chegaram ao local, já nada puderam fazer para salvar a criança. O corpo foi removido para a morgue do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
O condutor do veículo foi identificado no local pela Brigada de Trânsito da GNR, tendo sido submetido aos testes de despistagem de álcool e de substâncias estupefacientes. As circunstâncias em que tudo aconteceu estão agora a ser investigadas.

Fátima Mariano

Menino atropelado na primeira hora de férias

Jornal “Diário de Notícias”, de 22 de Junho de 2008

Acidente ensombrou dias de descanso em Vendas de Azeitão de família romena residente em Madrid. O filho de quatro anos, Daniel Raul Merce, foi brutalmente atropelado por um jipe quando fazia planos para a ida à praia, prevista para ontem. Pais da vítima exigem justiça.
Daniel Raul Merce, de quatro anos, tinha chegado a Vendas de Azeitão, em Setúbal, há cerca de uma hora para uns dias de férias. "Estava louco para ir à praia", contou a mãe ao DN, ontem. Mas ainda o pai não tinha descarregado totalmente a bagagem quando a tragédia ensombrou os dias de descanso a esta família romena residente em Madrid. A criança foi violentamente atropelada por um jipe, tendo morte imediata. O condutor parou e não acusou alcoolemia no teste, mas os pais garantem que "ia muito depressa" e pedem justiça, prometendo ficar em Portugal para acompanhar o processo jurídico.
Já passava das 21.00 de sexta--feira, mas a luz do dia ainda permitia uma boa visibilidade na Estrada Nacional 379, que passa a escasso dois metros das casas dos moradores da rua 25 de Abril. A família Merce, que fala um castelhano perfeito, tinha chegado instantes antes para uns dias de férias na casa do afilhado de Danut - o pai do menino -, um romeno que reside nas Vendas de Azeitão. Enquanto Maria Merce - a mãe - tratava da filha mais nova, ainda bebé, Daniel Raul ia brincando com os familiares, junto à estrada, mas em zona segura para os peões, de acordo com o progenitor.
"O meu afilhado estava com ele e não me preocupei. Estava a ouvi-lo dizer que amanhã [ontem] íamos à praia. Estava tão divertido!", recordou Danut, ao DN, sem conseguir conter as lágrimas, necessitando de ganhar fôlego para relatar o que viu. "Um jipe vinha a grande velocidade, quando só devia circular a 50 quilómetros/hora, e apanhou o meu filho aqui", disse, apontando para a berma, sendo ali visível uma travagem de cerca de 15 metros entre a estrada e suposto passeio.
"O menino foi projectado quase de 50 metros e ficou na faixa contrária com a cabeça desfeita. Veja lá a pancada, que o meu filho pesava 17 quilos e o jipe ficou com a óptica partida e com parte do pára-choques destruído", relatou, exibindo fotos do estado da viatura.
Ainda segundo o pai da vítima, o carro só viria a parar nos semáforos a cerca de 200 metros do local do embate. "Fez marcha atrás e pediu-nos desculpa. Disse que estava com muito pressa para chegar a Setúbal, mas isso não serve. Queremos que seja castigado", exige Danut Merce, de 26 anos, avisando que tem poder económico para levar o processo adiante.No momento do embate, o condutor terá chegado a desvalorizar a colisão, admitindo ter pensado que atropelara um cão, vindo a contrariar a versão dos pais, segundo a qual o menino estaria a brincar em lugar seguro.
O Núcleo de Investigação Criminal da GNR está a averiguar as causas do acidente. O corpo de Daniel Raul foi transportado para a morgue do hospital de Setúbal.


Roberto Dores

sexta-feira

Santos Populares de Sesimbra

Jornal "Público", de 19 de Junho de 2008

Marchas populares, ruas ornamentadas, bailes, noites de fado e espectáculos musicais são alguns dos destaques dos festejos dos Santos Populares, que decorrem por todo o concelho de Sesimbra, entre 20 e 30 de Junho.
O programa inclui uma Mostra de Caldeiradas, tradição típica da quadra, que conta com a participação de alguns restaurantes da vila. As marchas desfilam nos dias 23 e 30 de Junho, com a participação da Paróquia de Santiago e da Escola de Samba Bota no Rego, e no dia 27, na Quinta do Conde, com a participação do Centro Comunitário e da Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde.

ONU quer pôr o Mundo a descascar batatas

Jornal “Diário de Notícias”, de 11 de Junho de 2008

Com uma história de mais de oito mil anos, as batatas foram consideradas na Europa alimento de pobres e até de animais, mas hoje a sua versatilidade culinária, riqueza nutricional e facilidade de cultivo tornaram-na obrigatória em todas as mesas. Com milhares de variedades a explorar, em tempo de crise mundial de cereais, as Nações Unidas e outras organizações querem maior atenção ao seu cultivo e utilização.
Bacalhau com batatas. Ou sardinhas e outros peixes frescos. Ou cabrito, borrego ou carne de porco. Ou como base de sopas. São tantos os pratos tradicionais portugueses que levam batatas que nos esquecemos que a "tradição" de a utilizar como acompanhamento, em termos históricos, é muito recente entre nós, datando do século XIX. É que a batata é originária da América do Sul, mais precisamente dos Andes, e só no século XVI os colonizadores espanhóis a trouxeram para a Europa, onde demoraria mais três séculos até se generalizar nas mesas. Agora, em plena crise mundial dos cereais, é para este tubérculo que os olhos do mundo se voltam, tendo a ONU declarado 2008 como Ano Internacional da Batata.
A produção de batata tem vindo a crescer em todo o mundo, graças sobretudo aos países em desenvolvimento da Ásia, África e América do Sul que quase dobraram essa produção desde 1991. A título de exemplo, Angola, desde que a guerra terminou, aumentou a produção em 1200%... Mas é a China que tem sido a maior responsável pelo aumento, sendo hoje o maior produtor mundial (seguida pela Rússia e pela Índia), o que pode parecer estranho, já que os pratos chineses que conhecemos nunca integram batatas. A razão será a de que exportam quase tudo.
O chefe de cozinha Luís Baena, actualmente nos hotéis Tivoli, trabalhou vários anos no Oriente, incluindo em Hong Kong e Macau, e conta que quando ia aos mercados do antigo território administrado por Portugal os chineses recebiam-no com a palavra "batata", uma das poucas que pronunciavam na nossa língua, sabendo já que esse era um dos produtos que tinha clientela certa entre os portugueses.
Aliás, além de ser uma excelente e barata fonte de nutrientes (uma batata de tamanho médio fornece, por exemplo, metade das necessidades diárias de vitamina C de um adulto e um quinto das de potássio), o tubérculo é conhecido entre os cozinheiros amadores e profissionais pela sua enorme versatilidade. Ou seja, além de alimentar, as batatas prestam-se a inúmeras preparações, associando-se com facilidade a outro sem número de ingredientes e temperos, sendo portanto uma boa inimiga da monotonia à mesa.
Em Portugal, as batatas apresentam-se das mais diversas formas culinárias, sendo que produzimos em 2006 (segundo dados do INE), 611 mil toneladas, para um consumo anual que ronda os cem quilos per capita. Ou seja, temos que recorrer à importação, sendo a França e a Espanha os principais fornecedores. Mas também exportamos, sendo o Reino Unido e a França os principais compradores. Em termos de distribuição territorial, a Beira Litoral é que mais produz (32% do total), seguindo-se Ribatejo e Oeste (23%) e Trás-os-Montes (21%). A qualidade das batatas transmontanas é bem conhecida (nomeadamente as de Chaves), tendo direito inclusive a Indicação Geográfica Protegida (IGP).
Mas isso não garante que, na hora de comprar, os portugueses se mostrem lá muito exigentes. "A maioria dos clientes só se preocupa com as cores da casca, se é vermelha, branca ou amarela", afirma Maria José Macedo, que há mais de 20 anos se estabeleceu na Quinta do Poial, em Azeitão, uma das pioneiras no cultivo biológico. Mesmo assim, ela considera que tem havido um aumento crescente do interesse por batatas diferentes, graças em parte ao crescimento do consumo gourmet, e tem vindo a plantar novas qualidades.
Luís Baena confirma que, mesmo para os profissionais, a informação sobre a origem e as diversas qualidades de batata é ainda bastante escassa em Portugal. "Normalmente, há as mesmas indicações que constam em algumas embalagens de supermercado, do género 'se são para fritar, cozer ou assar', mas ainda estamos muito limitados. Não tiramos partido da grande versatilidade que as batatas apresentam".
Pode ser que, a partir deste Ano Internacional da Batata e da escassez de outros "acompanhamentos", as coisas mudem, também aqui.


Duarte Calvão

domingo

Associação diz que a guerra contra a co-incineração «ainda não está perdida»

Jornal “Sol”, 22 de Janeiro de 2008

A Associação dos Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado apelou hoje à adesão da população ao protesto contra a co-incineração de resíduos perigosos na Arrábida, que está marcado para sexta-feira à tarde, no Largo da Misericórdia, em Setúbal.

«Gostaríamos de ter uma grande adesão da população até porque a luta contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos não está perdida, ao contrário do que o Governo pretende fazer crer», disse hoje Fernanda Rodrigues, da Associação de Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado.
«Contamos com o apoio das três câmaras municipais - Palmela Sesimbra e Setúbal -, estando já confirmada a presença dos presidentes dos três municípios», acrescentou Fernanda Rodrigues, que está confiante de que a iniciativa terá o apoio de dirigentes locais dos principais partidos, incluindo o próprio Partido Socialista.
A decisão de convocar uma concentração contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos, surge na sequência da decisão do Supremo Tribunal Administrativo, que revogou a suspensão da proibição da queima de resíduos perigosos na cimenteira da Secil, no Outão.
As Câmaras Municipal de Palmela, Sesimbra e Setúbal, que já declararam o seu apoio á iniciativa que terá lugar pelas 16:00, prosseguem também o combate contra a co-incineração da cimenteira da Secil, no Outão, no plano jurídico.
O advogado das três autarquias, castanheira Barros, requereu segunda-feira a nulidade do recente acórdão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) que deu «luz verde» à co-incineração na cimenteira da Secil no Outão, Arrábida, Setúbal.
O requerimento de Castanheira Barros pretende que os pedidos sejam apreciados pela «Conferência de Juízes da Secção de Contencioso do STA», disse castanheira Barros.

Conquistar o mar

Jornal “Setubsalense”, de 14 de Janeiro de 2008

Quem quer ir de Azeitão até, por exemplo, à praia de Galápos, tem de vir primeiro a Setúbal e depois segue o trajecto normal pela estrada da Figueirinha.
Ou seja: lentamente, paulatinamente, com pezinhos de lã, temos vindo a perder lentamente as praias desta zona, para além de Tróia, que estará a médio prazo, fortemente condicionada.
Esta é uma típica noção de suposto desenvolvimento Setubalense, desde sempre: não está bom, vai ficando pior, ainda pior, até que... acabou-se.
Turismo de qualidade não se compadece com todos estes condicionalismos existentes, nem com estas mentalidades.
Solução preconizada: Juntar três ideias - chave já utilizadas em Setúbal – Reforço do primeiro pontão, construção de um segundo pontão, areia trazida da foz do rio e estacionamento na praia.
Vamos lá concretizar a ideia que tenho e ver se é boa.
O pontão da Figueirinha deve ser corrigido e aumentado, quer em largura, mas sobretudo em comprimento.
Sensivelmente a meio caminho entre a Figueirinha e a Praia dos Coelhos, construir um pontão bem feito no qual, à medida que se afasta de terra vai alargando, efectuar um alinhamento entre esses dois pontões e a parede natural existente na Praia dos Coelhos e, tal como fizeram em Albarquel, encher toda essa zona de areia, ficando uma Praia Grande, com início na Figueirinha, passando pelas ruínas da discoteca Seagull (ai que saudades, ai ai !!!), por Galápos, por Galapinhos e finalmente Praia dos Coelhos, ininterruptamente.
Esta Praia Grande teria então capacidade para acolher quatro filas de estacionamento (dentro na praia, tal como na Figueirinha), com uma estrada para lá e outra para cá, ligações a meio entre os dois sentidos e assim, quem viria de Setúbal, entraria ou sairia nesse estacionamento na zona da Figueirinha, que é a zona mais larga de toda a estrada e a única zona de acesso.
Conseguem imaginar o tamanho da praia, desde a Figueirinha, até quase à Arrábida? E a quantidade de estacionamento existente?
Rochas para construir o pontão não faltam em toda esta zona que assistiu, ao longo dos séculos, à queda de pedregulhos provenientes da Serra e que se encontram por ali espalhados (não seriam suficientes, mas era uma ajuda).
Areia também não falta. Basta ir à foz do rio Sado buscá-la, tal como se fez em Albarquel e encher a praia.
Não seria então permitido o estacionamento em toda a extensão da estrada da Figueirinha, facilitando-se os acessos rodoviários, o estacionamento e... tínhamos uma Praia Grande. Os restaurantes e bares vinham já a seguir, para além dos dois que já lá estão.
Já agora que estamos nessa zona. Porque é que nunca deixaram reconstruir a discoteca Seagull?
Era uma das melhores discotecas do país, conhecida em todo o lado, onde vinha gente de toda a parte, para poderem sentir a brisa marítima naquela varanda insubstituível.
O Seagull tornou-se, ao longo dos anos, muito mais do que uma simples discoteca. Era uma referência para nós, Setubalenses e também para quem que nos visitava. Os meus amigos e conhecidos dos mais variados locais do país, quando vinham cá, após um bom jantar setubalense, era destino obrigatório. Toda a gente ficava maravilhada. O pessoal de Lisboa era vê-los aos magotes nas noites de Sábado!
Já viram como está agora? Tudo em ruínas. Há 10 anos que está assim.
Dá vontade de chorar!
Para quem, como eu, tem o Seagull como parte integrante do seu roteiro afectivo, aperta-se-me o coração de tristeza, de melancolia e de revolta, sempre que passo por aquelas ruínas.
Mais um exemplo infeliz e triste da vocação que Setúbal tem e não aproveita.
Portanto, caros Setubalenses, ou recuperamos o rio e o mar definitivamente ou ficamos com uma vocação turística mais uma vez adiada.

Giovanni Licciardello

Incêndio desaloja família

Jornal “Diário de Notícias”, 17 de Outubro de 2007

Uma família de sete pessoas ficou ontem desalojada na sequência de um um incêndio que destruiu completamente a habitação onde moravam, em Brejos de Azeitão, Setúbal. Os desalojados vão ser acomodados temporariamente na casa de familiares, segundo à Lusa o coordenador da Protecção Civil Municipal de Setúbal, José Luís Bucho.
O coordenador da Protecção Civil Municipal adiantou ainda que a família vai procurar nova casa a partir de amanhã, beneficiando do apoio financeiro da Segurança Social previsto para estas situações, uma vez que perdeu todos os seus haveres e a casa onde morava.
Segundo José Luís Bucho, quando os bombeiros chegaram ao local, cerca das 13.30, a casa já estava envolta em chamas e ficou totalmente destruída. No local, estiveram elementos dos Bombeiros Sapadores de Setúbal, da Protecção Civil Municipal e da Segurança Social.

"O golfe em Portugal é feito só para turistas"

Jornal “Diário de Notícias”, 20 de Outubro de 2007

Pedro Figueiredo começou a dar as primeiras tacadas aos seis anos no campo da Quinta do Peru, em Azeitão, perto de Palmela, porque o pai é proprietário de um restaurante naquele empreendimento. Mas foi preciso o professor do clube de golfe convencê-lo a iniciar-se na prática da modalidade. Hoje é o número um do ranking da Federação Portuguesa de Golfe para amadores e mostra-se crítico para com a forma como a modalidade é tratada.
"No início não me sentia à vontade no campo porque não conhecia quem quer que fosse. Mas quando comecei a adaptar-me ao golfe, não mais parei de jogar", recordou ao DN sport o golfista, de 16 anos, natural de Paris (França), para onde os seus pais tinham emigrado. Antes do golfe, dedicava-se aos ténis e ao futebol na escola. Até que um dia, "por uma questão de disponibilidade de tempo", teve de optar entre as raquetes e os greens. O golfe levou a melhor. "Encaro-o também como um hobby, pois é uma maneira de me divertir", diz Pedro Figueiredo, que gosta de sair à noite com os amigos e frequentar a praia de dia de acordo com as possibilidades. Porém, antes das provas não ingere bebidas alcoólicas e tem cuidado com a alimentação.
Aos nove anos, sagrou-se campeão nacional de sub-12, a primeira grande proeza na sua carreira. Um ano depois começou a participar em torneios internacionais em vários países europeus, onde o melhor que conseguiu foi um segundo lugar na Suíça. Noutras competições, perdeu numa meia-final e alcançou um quarto lugar. Em 2007 ganhou seis torneios em Portugal e já contabiliza 27 provas a nível internacional.
Na semana passada, Pedro Figueiredo participou no Open de Madrid, em Espanha, a convite de Severiano Ballasteros, antigo campeão do mundo e figura lendária na modalidade. A oportunidade surgiu-lhe na sequência de um encontro, poucos dias antes, com o espanhol na Escola de Golfe, em Cascais. Só que a experiência madrilena não correu bem. "Joguei muito mal e talvez tenha sido o meu pior resultado neste ano. Terei sentido um pouco de responsabilidade ao ter jogado por tal convite", reconhece.
Aposta em tornar-se profissional no momento oportuno, ou seja, "dentro de cinco ou seis anos". Nessa altura, já terá 20 anos. Antes, porém, refere, "quero ir para os Estados Unidos da América seguir um curso universitário ligado à área da gestão, economia. Quando concluir o curso, regressarei à Europa e tornar-me-ei profissional com a possibilidade de jogar no circuito europeu".
Para já, Pedro Figueiredo frequenta o 11.º ano do curso de Economia, no Colégio St. Peter's School, em Palmela. Sempre que os torneios o obrigam a faltar às aulas, conta com o apoio dos responsáveis do colégio. "Ajudam-me imenso. Quando estou ausente enviam-me a matéria por e-mail para poder recuperar", nota.
Para 2008, o objectivo passa por ganhar um torneio internacional, e manter-se "o número um dos amadores". Sobre o panorama do golfe em Portugal, lamenta a "escassez de jovens praticantes devido aos elevados preços dos campos" (na ordem dos 150 euros) em comparação com outros países europeus. "O golfe em Portugal é feito só para turistas", critica Pedro Figueiredo. Mas conclui que também falta "um jogador ao nível dos melhores do mundo, um ídolo, de forma a impulsionar o golfe junto dos novos praticantes".


José Manuel Oliveira