sexta-feira

Apostar nas tortas de Azeitão foi uma doce ideia

Jornal "Diário de Notícias", 17 de Janeiro de 2008

Virar as costas a Pinhel, no distrito da Guarda, rumo a Azeitão (Setúbal) mudou-lhe a vida. Sem perder de vista as raízes ligadas à pastelaria, descobriu as célebres tortas, aprendeu o segredo e lançou-se no mercado. Começou uma aventura apenas apoiado pela mulher, vendendo porta a porta. Hoje, 13 anos volvidos, vai a caminho de um "pequeno império" que produz 10 mil tortas por dia, pelo preço unitário de 1,05 euros.
António Martins é o exemplo de um empresário que subiu a pulso. Paulatinamente. Já conquistou o País, agora as tortas de Azeitão vão a caminho da internacionalização. Aqui aplica-se a velha máxima: a necessidade aguça o engenho. Filho de padeiros, cedo se iniciou na actividade de pasteleiro. Chegou a produzir cavacas, mas sentiu na pele as dificuldades impostas pela globalização quando há duas décadas Portugal aderiu à UE. "Começámos a ter dificuldades. As pequenas empresas não tinham condições de entrar nas grandes superfícies e os espanhóis invadiram o País com produtos idênticos aos nossos, mas mais vistosos e com preços mais baixos. Deixámos de vender", diz. Mas aprendeu com o erro.
Desceu no mapa à procura de melhor sorte. Por terras do Sado conheceu as tortas de Azeitão. "Achei que era um produto de qualidade, mas que estava reduzido a um produto local, embora tivesse potencial para vir a ser comercializado a nível nacional", conta António Martins, admitindo ter sido esta perspectiva que lhe valeu o negócio da vida em Brejos de Azeitão. No passado, facturou mais de 2 milhões de euros.
O empresário apostou forte neste projecto. Começou por produzir tortas em pequenas quantidades, foi conquistando mercado e abriu horizontes. "Se as tortas já eram boas, passaram a ser melhores porque investimos nas melhores matérias- -primas e demos uma imagem de marca a conhecer ao consumidor, recorrendo à promoção publicitária", adianta, admitindo que o passo determinante foi ter adaptado a produção ao mercado das grandes superfícies. Vai para dez anos que assumiu as duas primeiras lojas no Jumbo de Setúbal e no Pão de Açúcar de Almada. "O sucesso de vendas foi tão espectacular que no ano seguinte pediram-me para assumir outras lojas. Aos poucos, cheguei às superfícies comerciais de todo o País. Claro que tive sempre de fazer investimentos. Um dos primeiros foi quando comprei um carro de frio", recorda. Mas o maior investimento está em curso, com a aquisição de um espaço onde há-de edificar a nova fábrica, na qual pretende reservar um espaço para exibir os melhores produtos tradicionais da região - do queijo de Azeitão, ao mel, passando pelo moscatel.
António Martins vai gastar 2,1 milhões de euros no novo projecto. Com um total 6 mil metros quadrados, sendo 2 mil de área coberta, junto à Estrada Nacional 10. Garante ao DN que as actuais instalações já limitam as ambições da empresa, onde trabalham 30 pessoas. Afinal, o empresário quer levar o seu produto às mesas do mundo e diz que, não tarda, a torta ultracongelada vai chegar a países como o Japão, Brasil, França, Espanha, Inglaterra e Alemanha.... E desta vez não receia a concorrência. É que as tortas de Azeitão "não são fáceis de fabricar. Quando eu comecei houve outros que também começaram, mas foram ficando pelo caminho. Não é fácil." Daí que exiba com orgulho o prémio Marca Sabor, conquistado entre mais de cem empresas.

Roberto Dores

terça-feira

Passagem de ano debaixo de água

"Jornal de Notícias", 31 de Dezembro de 2007

A transição de 2007 para 2008 promete ser arrojada em Sesimbra com uma centena de mergulhadores debaixo de água, 12 minutos de fogo-de-artifício, dois palcos de música e restaurantes e bares abertos até de manhã. A iniciativa inédita pretende fazer da vila um destino nacional para a passagem de ano.
"O programa destina-se a recolocar Sesimbra no mapa das festividades anuais, à semelhança do que acontece todos os anos no Carnaval", avançou ao JN Aleixo Terra-da-Motta, coordenador do Turifórum para o projecto. "Trata-se de um conjunto de actividades que passam pela abertura do comércio toda a noite, pelo fecho da marginal junto ao mar e pela colocação de dois palcos de música", explica.
À meia-noite, o espectáculo de luzes irá iluminar toda a baía. "Vamos meter debaixo de água cem mergulhadores que vão desenhar 2008 com as suas lanternas", refere o responsável. Vinte segundos depois inicia-se o espectáculo pirotécnico numa extensão de 1250 metros com 1750 disparos por minuto. "Pela primeira vez vai haver uma barreira de fogo desenhada de propósito para Sesimbra", adianta Aleixo Terra-da-Motta.
Por motivos de segurança serão estabelecidos dois perímetros de segurança, um no mar e outro em terra, devido ao lançamento do fogo-de-artifício e a toda a logística que implicará a colocação de 100 mergulhadores no mar. Esta é, aliás, a actividade mais complexa de todo o programa.
"A marginal de Sesimbra contará ainda com a presença de vários animadores de rua e dois palcos com música até às 2.30 horas. Na zona nascente estará a banda Cuba Libré e na zona poente actua a banda Grand'Área, seguida do DJ Monchike. A edição zero do "Reveillon de Sesimbra" implicou um investimento de 45 mil euros, a que se somam todas as dádivas feitas pelas empresas aderentes ao projecto.
Sandra Brazinha

Regressou raridade da José Maria da Fonseca

Jornal "Setubalense", 31 de Dezembro de 2007

O moscatel da José Maria da Fonseca “Torna Viagem” andou vários meses a bordo do navio-escola Sagres passando por África e América do Sul.
O famoso Moscatel de Setúbal “Torna Viagem” da José Maria da Fonseca, já regressou de mais uma viagem por terras e portos Sul-americanos. O “Torna Viagem” viajou a bordo do navio-escola Sagres, que passou por Mindelo, Recife, Santos, Buenos Aires, Montevideu, Rio de Janeiro e Tenerife.
À semelhança do que já aconteceu no ano de 2000, por altura da comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil, o navio-escola partiu a 29 de Junho de 2007, transportando 4 cascos de Moscatel de Setúbal e 2 cascos de Moscatel de Setúbal Roxo na sua jornada por terras e portos Sul-americanos. Antes da sua chegada a Lisboa, a 16 de Outubro, a Sagres atracou nos portos Sul-americanos de Recife, Santos, Buenos Aires, Montevideu e Rio de Janeiro.
A José Maria da Fonseca descobriu o “Torna Viagem” há mais de um século. Na época em que navios cruzavam os mares do mundo fazendo todo o tipo de comércio, era comum levarem à consignação cascos de Moscatel de Setúbal. Os comandantes, que recebiam pelo que vendiam, nem sempre os conseguiam comercializar todos. Na volta a Portugal, depois do périplo, em que se submetiam a diversos climas e significativas variações de temperatura, os cascos eram devolvidos à casa mãe. Ao serem abertos, o resultado era quase sempre uma grata surpresa: geralmente o vinho estava bastante melhor do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos, a caminho do Brasil, África ou Índia, quando atravessava por duas vezes a linha do Equador, uma na ida, outra na volta, parecia melhorar a qualidade do Moscatel de Setúbal e conferir-lhe grande complexidade.
“Com os choques térmicos sofridos durante a viagem, sabemos que o Moscatel Torna Viagem terá uma cor mais escura e características totalmente diferentes do que ficou cá”, diz António Soares Franco, presidente do conselho de administração da José Maria da Fonseca. Ao provar o Moscatel Torna Viagem, recém regressado, Domingos Soares Franco afirma que "O Moscatel ficou mais redondo, menos agreste. Está maravilhoso". Além das provas frequentes, os enólogos têm outra forma de avaliar as particularidades do “Torna Viagem”: um casco do mesmo vinho permaneceu na adega de Azeitão, enquanto os outros seis corriam os mares. O Testemunha, como é chamado pela JMF, serve para fazer a comparação com os que voltaram.
HISTÓRIA - O “Torna Viagem” nasce de um facto curioso. A José Maria da Fonseca, quando foi fundada em 1834 por José Maria da Fonseca, privilegiou a exportação dos seus vinhos em garrafas. O Moscatel era a excepção praticada na casa, mas foi desta forma que surgiu a raridade e a lenda do “Torna Viagem”. O Moscatel de Setúbal, vinho generoso, tradição da José Maria da Fonseca, é comercializado desde a fundação da empresa há mais de 170 anos. A sua vinificação assemelha-se à do vinho do Porto e da Madeira. A fermentação é interrompida com a adição de aguardente vínica, atingindo uma graduação alcoólica de 18 a 20º. Em seguida, o líquido é macerado por cinco meses em contacto com as películas da uva, para obter maior tipicidade. Por fim, é envelhecido em cascos de carvalho usado de 600 litros, por um período mínimo de 24 meses, antes de ser engarrafado. A José Maria da Fonseca mantém uma cave em Azeitão, chamada de adega dos Teares Velhos, dedicada exclusivamente ao envelhecimento dos moscatéis topo de gama.

Espaço Solidário dá apoio a mais de 800 carenciados

"Jornal de Notícias", 21 de Dezembro de 2007

Mais de 800 pessoas são apoiadas pelo Espaço Solidário, inaugurado na Quinta do Conde faz hoje um ano, e que serve o concelho de Sesimbra. Trata-se de um serviço municipal que recebe roupa, brinquedos, mobiliário e electrodomésticos, artigos depois doados a famílias carenciadas.
De acordo com dados oficiais, o Espaço Solidário conta já com 202 utentes, famílias compostas em média por quatro elementos, ou seja, 808 pessoas. Ao longo dos últimos 12 meses, foram distribuídos mais de 20 mil artigos.
Os beneficiários do espaço são alvo de uma selecção criteriosa. "São pessoas que têm poucos rendimentos e que são sinalizadas pelos serviços técnicos da Câmara", conta a funcionária Patrícia Marquês, explicando que cada pessoa "escolhe a roupa consoante o agregado familiar".
Com apenas um ano de funcionamento, o Espaço Solidário superou todas as expectativas da Câmara. "Não estávamos à espera de uma rede de solidariedade tão grande", revelou ao JN a vereadora da Acção Social, Felícia Costa, lembrando que todos os utentes são acompanhados pelos serviços com o intuito de conhecer as suas reais necessidades. "Queremos agora começar a distribuir alimentos através de um acordo com operadores do Mercado da Quinta do Conde e do Banco Alimentar", adiantou.

Sandra Brazinha