quinta-feira

Há cinco anos a proteger os direitos das crianças

Jornal “O Setubalense”, de 19 de Maio de 2008

Nasceu do sonho de uma mulher, que desejava criar uma instituição de defesa das crianças mais desprotegidas. Meninos de Oiro foi criada em Dezembro de 2002 devido à vontade de um pequeno grupo de voluntários, tendo sido constituída formalmente a 14 de Maio de 2003.
A conferência que a associação Meninos de Oiro levou à Escola Superior de Tecnologia de Setúbal tinha como tema “Vítimas de vítimas”, porque segundo Maria do Céu Guitart “quem vitimiza já foi vitimizado”.
Isto acaba por tornar-se um ciclo vicioso e à sociedade “tentar interromper e dar oportunidades às pessoas de não prosseguirem esse ciclo”, impedindo-as de magoar os outros, pelo simples motivo de também terem sido magoados e esse gesto ser assim uma vingança por tudo o que sofreram.
Quem já foi uma vítima precisa de “enfrentar os seus fantasmas”, isto é conseguir “enfrentar a sua própria infância sem dor, sem rancor, para depois conseguir não fazer novas vítimas”, explica a fundadora e presidente da associação.
Mas o mais importante não é ajudar as pessoas a aceitar o seu passado mas sim lutar para que não existam vítimas. É isso que Céu Guitart e a associação Meninos de Oiro fazem diariamente, apoiando neste momento cerca de 120 famílias de Azeitão, todas com crianças.
Esta acção é desenvolvida através do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, que é o principal projecto da instituição, através do qual prestam “todos os tipos de apoios que forem considerados relevantes para melhorarem o desempenho” quer das crianças quer das próprias famílias, como apoio psicológico, higiénico sanitário, escolar ou terapia da fala, por exemplo.
Enfim, a associação tenta “capacitar a família para que as crianças deixem de estar numa situação de risco ou mesmo de perigo”, de modo a evitar que as crianças tenham de ser institucionalizadas, porque “ tirar a criança à família é sempre de uma violência extrema”, esclarece Céu Guitart, que se mostra feliz por a associação nunca ter passado por esta situação.
No entanto, estão a acompanhar um caso, em articulação com uma equipa que trabalha junto do Ministério Público e do Tribunal de Família, em que se não conseguirem tornar essa “família mais funcional, poderá se chegar mesmo ao momento em que a criança terá de ser retirada”.
É a pensar nestas situações que Céu Guitart destaca a importância de avançar com o projecto do Centro de Acolhimento Temporário, um espaço que vai servir para “institucionalizar a criança o menor tempo possível” até se encontrar uma solução definitiva. Neste momento o projecto está à espera que a Câmara Municipal de Setúbal ceda um terreno para a construção do centro.

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