Jornal “Diário de Notícias”, 20 de Outubro de 2007
Pedro Figueiredo começou a dar as primeiras tacadas aos seis anos no campo da Quinta do Peru, em Azeitão, perto de Palmela, porque o pai é proprietário de um restaurante naquele empreendimento. Mas foi preciso o professor do clube de golfe convencê-lo a iniciar-se na prática da modalidade. Hoje é o número um do ranking da Federação Portuguesa de Golfe para amadores e mostra-se crítico para com a forma como a modalidade é tratada.
"No início não me sentia à vontade no campo porque não conhecia quem quer que fosse. Mas quando comecei a adaptar-me ao golfe, não mais parei de jogar", recordou ao DN sport o golfista, de 16 anos, natural de Paris (França), para onde os seus pais tinham emigrado. Antes do golfe, dedicava-se aos ténis e ao futebol na escola. Até que um dia, "por uma questão de disponibilidade de tempo", teve de optar entre as raquetes e os greens. O golfe levou a melhor. "Encaro-o também como um hobby, pois é uma maneira de me divertir", diz Pedro Figueiredo, que gosta de sair à noite com os amigos e frequentar a praia de dia de acordo com as possibilidades. Porém, antes das provas não ingere bebidas alcoólicas e tem cuidado com a alimentação.
Aos nove anos, sagrou-se campeão nacional de sub-12, a primeira grande proeza na sua carreira. Um ano depois começou a participar em torneios internacionais em vários países europeus, onde o melhor que conseguiu foi um segundo lugar na Suíça. Noutras competições, perdeu numa meia-final e alcançou um quarto lugar. Em 2007 ganhou seis torneios em Portugal e já contabiliza 27 provas a nível internacional.
Na semana passada, Pedro Figueiredo participou no Open de Madrid, em Espanha, a convite de Severiano Ballasteros, antigo campeão do mundo e figura lendária na modalidade. A oportunidade surgiu-lhe na sequência de um encontro, poucos dias antes, com o espanhol na Escola de Golfe, em Cascais. Só que a experiência madrilena não correu bem. "Joguei muito mal e talvez tenha sido o meu pior resultado neste ano. Terei sentido um pouco de responsabilidade ao ter jogado por tal convite", reconhece.
Aposta em tornar-se profissional no momento oportuno, ou seja, "dentro de cinco ou seis anos". Nessa altura, já terá 20 anos. Antes, porém, refere, "quero ir para os Estados Unidos da América seguir um curso universitário ligado à área da gestão, economia. Quando concluir o curso, regressarei à Europa e tornar-me-ei profissional com a possibilidade de jogar no circuito europeu".
Para já, Pedro Figueiredo frequenta o 11.º ano do curso de Economia, no Colégio St. Peter's School, em Palmela. Sempre que os torneios o obrigam a faltar às aulas, conta com o apoio dos responsáveis do colégio. "Ajudam-me imenso. Quando estou ausente enviam-me a matéria por e-mail para poder recuperar", nota.
Para 2008, o objectivo passa por ganhar um torneio internacional, e manter-se "o número um dos amadores". Sobre o panorama do golfe em Portugal, lamenta a "escassez de jovens praticantes devido aos elevados preços dos campos" (na ordem dos 150 euros) em comparação com outros países europeus. "O golfe em Portugal é feito só para turistas", critica Pedro Figueiredo. Mas conclui que também falta "um jogador ao nível dos melhores do mundo, um ídolo, de forma a impulsionar o golfe junto dos novos praticantes".
José Manuel Oliveira
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