"Jornal de Notícias", 18 de Janeiro de 2006
Manuel Alegre alertou os seus apoiantes, ontem, para sondagens "propositadamente desfavoráveis" que poderão ser apresentadas até ao dia de amanhã, com o intuito de "baralhar" o eleitorado. Num almoço em Setúbal, o candidato presidencial advertiu os 150 apoiantes ali presentes para "coisas mirabolantes" que podem estar a ser congeminadas.
Alegre passou o dia de ontem a percorrer zonas manifestamente comunistas, como é o caso do Barreiro, Almada, Sesimbra e Setúbal. Mas a desorganização no "staff" da candidatura foi tanta que, nalguns locais, o poeta, ou teve fraca adesão à sua passagem, ou simplesmente não parou, para evitar o vexame da falta de populares, como aconteceu em Amarante.
O poeta fez uma "visita de médico" ao Pólo Tecnológico da Margueira e o descontentamento era tanto que, numa intervenção de pouco mais de um minuto, acabou até por trocar o nome ao local onde estava.
Em Almada, a comitiva de Manuel Alegre fez tudo para evitar cruzar-se com a de Jerónimo de Sousa. O poeta entrou no famoso Café Central, falou ali mesmo aos jornalistas, enquanto a sua mulher aproveitou para dar uma vista de olhos numa revista social com imagens suas e do marido.
Cá fora, alguns comunistas queixavam-se "É de lamentar que haja cinco candidatos de Esquerda e a Direita tenha mais de 50% dos votos. Onde é que está a Esquerda?". Um outro militante do PCP assegurava: "Vou votar Jerónimo, mas se este homem passar à segunda volta votarei nele. Já não farei o mesmo se for o Soares, porque este é um homem coerente e o outro é papagaio de poleiro".
Em Setúbal, Alegre falou à varanda da sede de candidatura, mas sem ninguém "extra-comitiva" a ouvir. No Barreiro, onde chegou com hora e meia de atraso, já só teve meia dúzia de pessoas à sua espera.
À noite, num jantar com cerca de 500 pessoas em Cascais, Alegre disse ter contra ele "todos os ministros e todos os aparelho partidários" e apelou ao votos dos indecisos para chegarà segunda volta.
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