Jornal “Diário de Notícias”, 29 de Julho de 2007
Quando, no Verão de 1952, o Diário de Notícias se lançou no Grande Concurso Infantil das Praias de Portugal, nunca imaginou que o êxito resultasse tão estrondoso. Mas a verdade é que a iniciativa pegou, enganou o tempo. Ganhou o nome limpo de Construções na Areia. E começa já amanhã a festejar a sua 50.ª edição, ao mesmo tempo que inaugura a época de 2007 nas praias de Santa Bárbara (Ribeira Grande), Sesimbra e Alagoa."O momento em que tudo começa é emocionante. Só quem passa por isso conhece aquela mistura de emoção e nervos no estômago", conta Rita Martins, vencedora da grande final das Construções na Areia de 2006. Os seus 15 anos foram moldados nas areias de Vila do Conde, desde os sete que os finais de tarde de férias são passados na praia, em família, a praticar técnicas e a conhecer as especificidades da matéria-prima a modelar.
"É um passatempo maravilhoso", assegura ao DN a jovem artista, convidada este ano para os ateliers paralelos por já não ter idade para participar no concurso propriamente dito. "Para mim, Verão sem as Construções nem sequer é já Verão." E porque há tradições que vale a pena manter, amanhã a aventura criativa repete-se uma vez mais, distribuída nesta sua nova etapa de 2007 por 28 praias do Norte e do Sul, Açores e Porto Santo.
Quando as 10.00 nos ponteiros indicarem o início dos primeiros trabalhos, a mesma sensação indefinível que Rita descreve vai animar os participantes a darem o melhor de si nos cerca de 50 minutos que têm para enformar a imaginação. Os seis aos dez anos concorrem no Escalão A, os 11 aos 14 no B. Todos, sem excepção, dispõem depois de um talhão de areia de quatro metros quadrados onde são senhores absolutos. Todos podem fazer uso de baldes de plástico para transportar a água, de anilinas solúveis para colorir a obra feita e de conchas, plantas, algas, seixos e apetrechos próprios para esculpir. O dia pertence-lhes. Tem sido assim ano após ano.
Depois do arranque explosivo de 1952, em 74 as Construções na Areia sofreram um interregno de cinco anos. Desde 1979, contudo, nunca mais pararam de somar gerações nas praias. Os avós vão dando lugar aos filhos e os filhos aos netos. Ninguém fica indiferente a cada uma das edições de alegria na arte que se sucedem, até hoje. Com passos certos numa caminhada segura, a velhinha iniciativa festeja este ano as bodas de ouro...
Ana Pago
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