terça-feira

Nem a bola faltou ao casamento no Bonfim

Jornal "Diário de Notícias", de 8 de Dezembro de 2008

O noivo ama o Vitória de Setúbal. A noiva passou a ser sócia do clube sadino por amor ao noivo. O noivo teve a ideia de dar o nó em pleno Estádio do Bonfim. A noiva aceitou. Ontem disseram ambos "sim" na sala de imprensa dos "verde e brancos" de Setúbal. Não faltaram "vivas" ao Vitória e uma sessão fotográfica em pleno relvado, que até meteu bola de futebol. O noivo marcou um penálti certeiro, mas a noiva fez muito pouco para defender. Afinal, era dia de festa e já tinha bastado a derrota por 0-3 frente ao FC do Porto no dia anterior.
Miguel Ângelo Reisinho, 39 anos é o sócio 1004 do Vitória, e Maria Lisabeta, de 33, tem o título 17 708. Já estavam casados e recebiam os parabéns de cerca de cem convidados, quando o noivo gritou a plenos pulmões: "És do Vitória não disfarces."
O slogan explicava, por si só, porque é que o casal tinha decidido contrair matrimónio no Estádio do Bonfim. "Tudo o que sirva para promover o nome do nosso clube vale a pena. O Vitória não tem tantos adeptos como os clubes grandes, mas em termos de paixão, nenhum clube tem adeptos assim", explicava o noivo.
A noiva chegou ao estádio, passando entre um cordão humano, ao som de O Sole Mio, pelas vozes de Luciano Pavarotti e Bryan Adams, mas à saída do casal ouviu-se a "Marcha do Vitória". Já antes o noivo tinha erguido e beijado a última conquista do clube. "Esta foi ganha à chuva no Algarve", disse, reportando-se à Taça da Liga, que os sadinos levaram para Setúbal nesta época, após uma final memorável frente ao Sporting. Miguel esteve lá, como tem estado em todos os campos onde o clube joga. "Somos um grupo de seis amigos que vai a todas, até ao estrangeiro."
E a Comissão de Gestão do Vitória reconheceu a paixão deste adepto. A cerimónia teve custo zero. O clube abriu todas as portas ao casal. O copo de água teve lugar na Quinta dos Sonhos, em Sesimbra, terra natal da noiva. As várias mesas foram baptizadas com o nome dos principais troféus ganhos pelos sadinos, cabendo, simbolicamente, aos noivos uma taça disputada entre o Vitória e o Sesimbra há mais de duas décadas. E o nome dos filhos? Maria Vitória esteve na calha, mas a noiva torceu o nariz. Será Afonso, ou Marta. Mas sócio do Vitória. De certeza.


Roberto Dores

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