quarta-feira

Louçã considera que os «piratas já deram à costa» de Sesimbra

Jornal “Sol”, 3 de Fevereiro de 2007

O líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, afirmou hoje em Sesimbra que o empreendimento turístico Mar da Califórnia constitui um exemplo da actividade dos especuladores imobiliários que «fazem dinheiro contra o ambiente e os direitos das pessoas».
«Sesimbra é um caso em que os piratas já deram à costa. Este empreendimento, uma grande obra da empresa Obriverca, foi feito contra a lei, contra o tribunal e contra o respeito pela natureza», disse o dirigente do BE.
Francisco Louçã falava aos jornalistas durante uma visita ao polémico empreendimento turístico de Sesimbra, a par de outras iniciativas em Ovar (Sportsfórum), para denunciar alegados «atentados ambientais», no âmbito da preparação da interpelação do grupo parlamentar ao Governo sobre Ordenamento do Território e Preservação da Orla Costeira.
O Mar da Califórnia é um empreendimento de cinco blocos de habitação com m ais de 300 fogos distribuídos por 11 pisos, construído numa zona de falésia e de domínio público marítimo, a menos de 50 metros da linha de água.
De nada valeram os protestos da associação ambientalista Quercus, que, antes da construção, dizia tratar-se de um empreendimento que não cumpria a legislação do domínio público marítimo e que a zona em causa estava integrada na REN - Reserva Ecológica Nacional, uma vez que o projecto acabou por conseguir todas as autorizações necessárias, incluindo o parecer favorável do Instituto de Conservação da Natureza (ICN).
«O risco que corremos na Caparica já aqui está, em Sesimbra, onde também se vai construir uma cidade de 30.000 habitantes - do tamanho ou maior que a vila piscatória que todos conhecemos -, porque o grupo Espírito Santo entende fazer um grande negócio com o que é hoje uma mata», afirmou o dirigente bloquista.
«A especulação é uma forma de pirataria que está a vencer a economia, os direitos das pessoas e a protecção do ambiente», acrescentou Francisco Louçã, que se fez acompanhar pelos deputados Mariana Aiveca e Fernando Rosas.
Na próxima quarta-feira, na interpelação ao Governo, Francisco Louçã promete confrontar o ministro do Ambiente e restante Executivo com este e com outros «atentados ambientais», referindo concretamente os casos da «Costa da Caparica, Sesimbra, Algarve e Costa Alentejana».
«Queremos o ministro do Ambiente e o Governo a responder pelas autorizações, pelos silêncios, pelas cumplicidades e por este facilitismo desta pirataria contra o ambiente e contra as pessoas», disse Francisco Louçã, que responsabiliza a política pela especulação imobiliária nas arribas, nas falésias e nas praias.
«O BE assume a política da defesa das pessoas contra estes interesses económicos. E vamos enfrentá-los, seja a Bragaparques, a Obriverca ou o Banco Espírito Santo, seja, em nome de todos eles, o Governo, que permite que isto aconteça», concluiu o líder bloquista.

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