"Jornal de Notícias", 23 de Setembro de 2007
Mais de 500 quilos de lixo foram retirados ontem do mar de Sesimbra. O XII Encontro de Limpeza Subaquática decorreu junto à Praia do Ouro, no lado poente da vila. Pneus, garrafas, pilhas, frigideiras, um mega grelhador, covos de pesca, chapéus-de-sol, latas de tinta, tubos, plásticos e cordas foram alguns dos objectos encontrados no fundo do mar.
Assinalando o Dia Mundial da Limpeza de Praias, 56 mergulhadores recolheram 510 quilos de lixo, um registo inferior aos 724 quilos retirados do mar no ano passado. "A ideia é sensibilizar as pessoas para a importância da limpeza do meio marítimo", adiantou, ao JN, Luísa Fachada, directora do departamento de educação, cultura e lazer da Câmara Municipal de Sesimbra.
"As pessoas mandam até latas de tinta semi-cheias para dentro da água", lamenta João Ferreira, de 27 anos, membro do Núcleo de Actividades Subaquáticas do Instituto Superior Técnico, que colaborou com a autarquia na organização desta acção. Estreante nestas coisas, o lisboeta conta que encontrou "latas de bebida, garrafas de vidro e papel de jornal", acrescentando que houve também quem recolhesse pneus. "Certas coisas não vale a pena tirar do fundo do mar, porque há peixes pequenos que utilizam esses materiais para fugir dos grandes", considera, numa clara referência a objectos que serviam de habitat para algumas espécies.
A mesma questão preocupa Alexandra Figueiredo, uma professora de Tomar, de 30 anos, que levou até Sesimbra um total de 17 pessoas participantes num curso ligado à arqueologia subaquática. "Tudo o que tem derivantes de prata e mercúrio só polui e não permite que a vida se propague", frisa Alexandra Figueiredo. "Os covos poluem na mesma, mas servem de protecção a certo tipo de animais, permitindo a vida biológica", considera por outro lado.
Em comunicado, a autarquia sesimbrense informa que "uma simples folha de papel pode levar de três a seis meses a deteriorar-se, uma fralda descartável leva 450 anos a desaparecer e uma garrafa de plástico demora 500 anos a decompor-se", alertando assim para o problema da poluição marítima.
Sandra Brazinha
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