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Castelo é ateliê para sete artesãos esculpirem pedra

"Jornal de Notícias", 18 de Setembro de 2007

O Castelo de Sesimbra está a servir de ateliê para sete escultores que, até 30 de Setembro, trabalham ao vivo pedra local transformando-a em esculturas. O Simpósio Internacional de Escultura decorre no âmbito da Sesimbra Art Spaces, Bienal Internacional de Artes Plásticas. "A pedra foi oferecida gratuitamente pelos industriais locais", adianta o comissário da exposição, Carlos Bajouca. Os blocos de brecha, a pedra local, darão lugar a seis esculturas que serão colocadas em diversos espaços públicos do concelho, como rotundas e avenidas. Sobre a obra que está a construir em conjunto com Hans Varela, que será composta por espadartes, Carlos Bajouca, de 50 anos, residente na Aldeia do Meco, salienta que é a maior de todas e que "vai ficar com nove ou dez toneladas". O professor João Antero, de 58 anos, é outro dos escultores que está a trabalhar um bloco de pedra. "É uma obra que vai tratar o mar e a montanha. Estabeleci que este projecto deveria estar de acordo com o meio", conta. Sobre a iniciativa, o escultor de Cucujães diz que "é sempre positivo haver estes encontros de cultura e é uma mais-valia para a terra".
"É sempre uma experiência muito interessante. Estou a ser muito bem recebida e o sítio é lindíssimo", enaltece a única mulher entre os escultores presentes. Beatriz Cunha, de 48 anos, está a criar uma escultura intitulada "Alauda", que quer dizer Cotovia, localidade onde ficará a obra. "É uma evocação do sentido, do tom. É uma espécie de escrita musical", salienta a lisboeta. "Eu vejo a pedra e a partir daí começo a trabalhar e vou decidindo o que fazer", explica, por outro lado, o brasileiro Nelson Cardoso, de 49 anos. Há 27 anos a viver em Colares, este escultor ainda não deu um nome à sua obra, mas frisa que "vai estar relacionada com a vida". O trabalho final vai ser colocado numa rotunda perto da Associação de Dadores de Sangue, na Quinta do Conde. Os trabalhos prolongam-se por mais 15 dias, tempo suficiente para que os escultores possam concluir as obras. Quem quiser assistir à criação das esculturas ao vivo pode visitar o Castelo de Sesimbra todos os dias, até ao fim do mês, entre as 10 e as 13 horas e entre as 15 e as 20 horas.

Sandra Brazinha

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