“Jornal de Notícias”, 10 de Fevereiro de 2008
Cerca de seis toneladas de haxixe foram apreendidas em Portugal, numa operação policial que juntou a Polícia Judiciária (PJ) e a Guardia Civil de Espanha e que levou à detenção de um total de 17 indivíduos. Um dos dois alegados cabecilhas da rede é um antigo e conhecido dirigente sindical da zona de Arosa.
A droga tinha como destino os cartéis galegos e a investigação tinha começado há um ano, trazendo inclusive ao nosso país elementos de investigação da Guardia Civil de Pontevedra, que acompanharam a Polícia Judiciária nas investigações.
Parte da droga foi apreendida no IP1, na zona de Leiria, dentro de um camião que tinha sido alugado em Espanha para fazer o transporte do haxixe, segundo adiantou o coordenador de investigação criminal Dias Santos, da Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes (DCITE) da PJ. "À frente da viatura onde seguia a droga, neste caso pólen de haxixe, seguia um automóvel, que funcionava como batedor", apontou Dias Santos. Os dois condutores foram detidos, e acabaram por ficar em prisão preventiva depois de terem sido presentes ontem à tarde, perante um juiz no tribunal de Almada.
A maior parte do haxixe estava, no entanto, escondido em casas abandonadas, na região de Sesimbra, mais concretamente em Azóia, junto à estrada que liga ao Cabo Espichel. Trata-se de edifícios cuja construção foi embargada há vários anos, existindo apenas as paredes e os telhados. Era numa dessas casas que a droga estava escondida, a pouco mais de dois quilómetros do mar, mas as autoridades ainda não sabem se o haxixe foi desembarcado ou não na zona.
De acordo com o coronel Rafael Daza Pichardo, comandante da Guardia Civil de Pontevedra, já tinha havido detenções em Espanha em Agosto e em Dezembro, incidindo sobre a mesma rede, que mais recentemente levaram à detenção dos líderes, que segundo soube o JN junto de fonte policial são Juan Salvador Rivadomar Padin e Guillermo Fernandez Sanchez.
Salvador Ribadomar era um conhecido sindicalista ligado às profissões do mar, que deixou o sindicalismo para se tornar empresário. A sua ligação ao tráfico de drogas era insuspeita e a detecção surpreendeu toda a gente. Ambos os alegados líderes do grupo eram da zona de Arosa, nas rias galegas, um a zona historicamente ligada ao tráfico de drogas. Mais detenções relacionadas com o caso poderão ocorrer.
Noutra acção que precedeu esta operação, há cerca de dois meses, foi apreendida uma lancha voadora, com cerca de duas toneladas de haxixe, em Alicante, no Mediterrâneo, que operava para a mesma rede galega. A operação recebeu a designação de "Ipanema".
A aparente alteração de rota do tráfico, segundo o coronel Rafael Daza Pichardo, poderá estar associada à eficácia do sistema de vigilância electrónica que está a operar na costa sul de Espanha e que está em fase de concurso para instalação também em Portugal, tal como o JN já noticiou.
Além das quase seis toneladas de haxixe apreendidas pela PJ, durante a operação a Guardia Civil já tinha apreendido em Espanha 2,3 toneladas do mesmo estupefaciente. Feitas as contas, fora m apreendidas um total de mais de 8,3 toneladas de droga, que eram geridas pela mesma rede, agora desmantelada, com a operação em Portugal.
Com os dois detidos foram apreendidos vários telemóveis com cartões de rede nacional. À partida tinham sido comprados especificamente para fazer a monitorização do transporte de droga, no percurso entre Sesimbra e a Galiza.
António Soares
Carlos Varela
Sem comentários:
Enviar um comentário