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Cabo Espichel de cara lavada ainda este ano

“Jornal de Notícias”, 10 de Fevereiro de 2008

Abandonado há 10 anos, o santuário do Cabo Espichel, em Sesimbra, vai ser requalificado ainda este ano. As obras, orçadas em 100 mil euros, contemplam a construção de um parque de estacionamento com 150 lugares, a reabilitação da zona da Mãe de Água e o embelezamento exterior de toda a área envolvente ao santuário. "O que vamos fazer no imediato é tentar melhorar as condições de atractividade do espaço", avançou, ao JN, o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, após a sociedade Costlântica ter doado ao município os quatro hectares de terreno envolvente ao santuário.
Uma das intervenções prioritárias é a instalação de rede eléctrica, uma vez que actualmente apenas a igreja tem iluminação, alimentada por um gerador. "Estamos também em vias de conseguir um acordo com a Simarsul para o saneamento básico", adianta o autarca, referindo que, no próximo Verão, o espaço já irá ser palco de iniciativas culturais.
O santuário do Cabo Espichel entrou em declínio há 10 anos, quando a Confraria de Nossa Senhora do Cabo cedeu ao Estado a ala Norte para que o INATUR ali construísse uma pousada. Na altura, as casas estavam ocupadas por pescadores de Sesimbra, que pernoitavam no Cabo pelo menos durante a festa religiosa de Setembro. Os ocupantes foram despejados e todas as entradas para as casas foram vedadas com tijolo.
Entretanto, o INATUR já não quer construir uma pousada no local e autarquia está agora a desenvolver esforços para que a zona pertencente ao Estado possa ser dinamizada. "Estamos a tentar encontrar um outro promotor para instalar um programa misto de alojamento e comércio", adianta Augusto Pólvora. Quanto à ala Sul, que irá continuar na posse da igreja, o município espera conseguir que parte do piso térreo seja cedido para a instalação de serviços, que possam suportar os custos de recuperação do piso superior, que incluirá uma zona de recolhimento e alojamento.
O abandono do santuário tem contribuído para a sua degradação e quem até ali se desloca mostra-se satisfeito por a requalificação avançar finalmente. "Isto é um monumento e é pena estar a ser destruído", frisa José Costa, da Charneca de Caparica, considerando que a edificação de uma pousada seria o projecto ideal. Luísa Costa tem a mesma opinião que o marido e lamenta "estar tudo fechado e abandonado". "O que fizerem aqui fica melhor do que está", salienta por outro lado Francisco Marques, do Zambujal, considerando que é necessário conservar o espaço.
Sandra Brazinha

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