Jornal "Diário de Notícias", 24 de Novembro de 2007
Não andou a correr atrás de ladrões nem a vigiar suspeitos. E ser polícia não foi um daqueles sonhos de criança, que quase todos os rapazes já tiveram: ser polícia ou bombeiro. Entrou para a PSP aos 36 anos, já com posto de oficial obtido no Exército. O número dois da PSP, superintendente-chefe António Chumbinho, deu há um mês um passo ao lado e retirou-se de serviço, precisamente na véspera do seu 65.º aniversário. Agora com tempo livre, vai dedicá-lo à pesca e à família, confidenciou ao DN o ex-director nacional adjunto da PSP.
"Quando era miúdo queria ser maquinista de comboios", recorda o oficial, nascido em Grândola no dia 18 de Outubro de 1942. "Quando terminei o liceu, que fiz em Setúbal, decidi seguir a carreira militar. Tinha 19 anos quando ingressei na Academia Militar, em Lisboa, em 1962, para fazer a licenciatura", contou António Chumbinho.
Fez duas comissões de serviço como comandante de companhia em Moçambique e na Guiné, esta última interrompida quando ocorreu o 25 de Abril de 1974, regressando a Portugal em Outubro. Em 1978 foi convidado e fez duas comissões de serviço na PSP de Setúbal como segundo comandante distrital e depois como comandante. Transitou de tenente-coronel do Exército para intendente da PSP, onde ingressou definitivamente em 1987, no comando de Lisboa. Ascendeu na carreira até se tornar no número dois na hierarquia da PSP.
"Trabalhei até ao dia 17 de Outubro e no dia 18, quando fiz 65 anos, é que já não fui. Foi uma missão como qualquer outra, a de me retirar de serviço. Poderia ter saído antes, talvez há cinco anos - fiz 45 de serviço efectivo no Exército e na PSP - mas preferi continuar, porque não tinha outros projectos particulares e estava agarrado ao serviço público", explicou.
Casado, António Chumbinho, que mora em Azeitão (Setúbal), perto dos seus dois filhos e dos quatro netos, diz estar ainda "num processo de reorganização". E quanto ao ao futuro? "Vou estar mais disponível para a vida familiar e alguns entretenimentos. Gosto de ir à pesca. Antes já ia, mas pouco, porque me faltava o tempo. Trabalhava muitas horas, em média, 12 por dia."
"Quero dar especial atenção à família, que a vida activa na PSP condicionava muito. Nunca conseguia almoçar nem jantar com a minha mulher, porque chegava a casa muito tarde. Foi sempre ela que me deu apoio. Agora é tempo de ser eu a fazê-lo", concluiu.
Daniel Lam
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