quarta-feira

Abandono escolar: prevenir para não remediar

Jornal "Sesimbrense", 9 de Setembro de 2006

C om o fim do Verão e o início das aulas põe-se a questão de quantos alunos não vão regressar às escolas este ano. O insucesso escolar e consequente abandono dos estudos, é uma realidade que afecta todo o país, e o concelho de Sesimbra, não é excepção.
Em Portugal, o ensino é obrigatório até ao 9º ano de escolaridade, ano este de transição para muitos jovens que preferem trabalhar a continuar os estudos.Para tentar inverter esta situação e chamar os alunos de volta às escolas, a Câmara Municipal de Sesimbra (CMS) tem realizado diversos projectos. “Nos Trilhos do Desafio” é um deles, exactamente com o objectivo de prevenir o abandono escolar. A ser executado nas Escolas Navegador Rodrigues Soromenho (antigo Costa Marques) e 2/3 de Santana, o programa é o resultado de parcerias entre a CMS, a Cercizimbra, as Escolas, a Segurança Social e o Centro de Formação de Professores das Escolas de Sesimbra.
A fornecer apoio a alunos e famílias – parte decisiva e decisora na escolha dos mais jovens – trabalham duas psicólogas (a quem cabe a tarefa de orientar psicologicamente os participantes e ajudar na escolha de uma formação específica) e três monitores (responsáveis pela realização de ateliers de animação). Por ano, este projecto conta com uma média de 50 participantes, um número ainda assim reduzido para os objectivos da CMS.
Uma das principais causas de abandono escolar em Portugal, é a necessidade dos jovens terem de trabalhar para poderem ajudar os pais no sustento da família. Em Sesimbra, e embora existam motivações familiares e sociais, a maior parte dos casos de abandono relaciona-se simplesmente com a desmotivação e falta de gosto pelos estudos.Para Felícia Costa, Vice-Presidente da CMS e vereadora da Educação, “o abandono e o insucesso escolar não se combate apenas com uma medida”, e por isso há que atacar o problema na sua raiz, isto é, antes dos alunos decidirem sair da escola.
Tornar a instituição escolar um local apelativo e não apenas uma obrigação, é a finalidade dos programas GISC e PIPA, onde “o risco de abandono é combatido através de uma componente lúdica, que tem tudo para resultar”, afirma a Vice-Presidente.
O projecto GISC, disponível a todos os alunos do 3º Ciclo e Ensino Secundário, pretende promover estilos de vida saudáveis, enquanto o projecto PIPA, visa através da expressão artística, despertar o interesse dos alunos pela escola. Reduzir o abandono escolar passa, na opinião de Felícia Costa, por “mudar a representação que os alunos têm da escola”, ou seja, que os jovens gostem de ir às aulas e das actividades realizadas dentro e fora delas. Para isso “é necessária a participação dos professores” e que esse gosto seja incutido desde cedo.Na escolas do 1º Ciclo, nº 2 de Santana e nº 3 da Quinta do Conde, prevenir os comportamentos violentos entre os alunos e evitar que se tornem possíveis desistentes escolares no futuro, é o que tentam dois técnicos de desporto, uma supervisora técnica e uma psicóloga. Mas se o gosto pelos estudos é habitualmente decidido nos primeiros anos, o trabalho deve ser continuado nos ciclos seguintes, por isso cerca de 20 professores apoiados por uma psicóloga têm nos últimos anos explorado, nas escolas de 2º e 3º ciclos e nos ATL’s do concelho, o desenvolvimento de competências sociais e pessoais como forma de prevenir comportamentos de risco e desviantes, muitas vezes associados ao insucesso e consequente abandono escolar.
Orientação Vocacional: 14 ou 15 anos é a idade média de um aluno que alcança o 9º ano de escolaridade, tendo transitado todos os anos de seguida. Aqui coloca-se a questão de saber se o jovem vai ou não continuar os estudos, de saber se os projectos nas escolas surtiram algum efeito.Muitos destes jovens, terminam o 9º ano e mesmo que queiram continuar a estudar, muitas vezes não sabem que área escolher. Para isso, a CMS põe à disposição dos alunos do 3º Ciclo e do Secundário, uma psicóloga e uma psicopedagoga, que ajudam estes jovens na decisão da sua orientação vocacional. Com testes psicotécnicos, conversas e informação, pretende-se que o aluno não se sinta só quando tem de decidir o seu futuro. De acordo com os dados cedidos pela CMS, aderem por ano a este projecto de orientação vocacional, cerca de 300 estudantes. Os que não recorrem a este apoio, decidem sozinhos qual a área a escolher, outros contam com a ajuda de familiares e amigos, mas muitos continuam simplesmente a desistir.
“Apesar da definição desta estratégia, com os vários processos em curso, o concelho de Sesimbra tem uma taxa de abandono escolar de 10 a 15%”, uma taxa que a Vice-Presidente da Câmara Felícia Costa, pretende diminuir nos próximos anos.
Ana Filipe

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