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Escuteiros espanhóis criticam MP de Sesimbra

Jornal “Diário de Notícias”, 17 de Março de 2008

Responsável do grupo de escuteiros espanhol acusado de homicídio negligente de um jovem de 13 anos, por alegado desrespeito pelas regras de prudência no âmbito de uma caminhada na serra da Arrábida, criticou ontem a acusação deduzida pelo Ministério Público (MP) de Sesimbra por não ter tido em conta o depoimento dos 23 jovens que participaram na actividade em que veio a falecer Diego Amador. César Gil Lamata, principal arguido do processo, garantiu que o jovem tinha problemas de saúde anteriores nunca revelados pela família.
Enrique Amador, pai do jovem falecido, garantiu, por sua vez, ao DN, que Diego era uma criança saudável, e que ainda viveria se a Asociación Grupo Lujan 102 tivesse tido as precauções mínimas, frisando ser estranho que, após esta acusação, aquele agrupamento de escuteiros de Madrid - que em Agosto de 2005 veio a Portugal realizar uns raids pela península de Setúbal - continue activo. "Eu e a minha esposa confiávamos naquele grupo de que Diego fez parte durante cinco anos. Sentimo-nos traídos. Esperamos que os escuteiros, enquanto instituição, castiguem devidamente a Asociación Grupo Lujan 102 de Madrid", disse.
A verdade sobre os contornos que provocaram a morte de Diego Amador, a 4 de Agosto daquele ano, durante uma caminhada de oito quilómetros entre a praia da Foz e a praia da Ribeira do Cavalo, em Sesimbra, alegadamente por exaustão física associada à exposição ao calor, só se irá saber, seguramente, durante o julgamento.
César Gil Lamata lembra que a acusação foi deduzida a 14 de Fevereiro deste ano e que os 23 jovens colegas de Diego foram ouvidos no tribunal de Madrid, a pedido do MP de Sesimbra, no dia 12, ou seja, dois dias antes. "Não houve tempo para que o magistrado acedesse aos depoimentos", criticou. Além de que, acrescentou, nunca o MP ouviu o cidadão português, conhecedor do terreno e da região, contactado pela associação para ajudar a preparar a actividade. Segundo César Gil Lamata, de 47 anos, os jovens iam naquele dia realizar uma caminhada de sete quilómetros, entre as oito da manhã e a uma da tarde, ao ritmo de um quilómetro por hora.
"Não se pode dizer, pois, que foram submetidos a um esforço sobre--humano", atestou, assegurando que o grupo de 24 jovens era acompanhado por duas viaturas de apoio, com alimentos, além de que, na zona em que Diego veio a falecer, "havia casas à volta, que, em caso de necessidade, disponibilizariam água". "É mentira que tivessem encontrado crianças desidratadas", garantiu, lamentando a morte de Diego. "A acusação do MP parece mais uma novela do que a descrição dos factos."
Enrique não se conforma e garante que o seu filho nunca teve historial clínico negativo. "Antes de morrer, arrastou-se com dores de cabeça e de barriga. Que barbaridade! Queremos justiça. Confiamos no tribunal português, e sabemos que não nos vai faltar", reagiu ao DN.

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